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Metalúrgicos estão entre os mais afetados por acidentes
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
04/01/2003 | 16:19
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As cinco categorias que encabeçam a lista dos acidentes de trabalho da Previdência Social dividem-se entre profissionais de atendimento hospitalar, metalúrgicos das fábricas de autopeças, trabalhadores de montadoras de automóveis, cultivo de cana-de-açúcar e administração pública.   

O maior número de acidentes de trabalho acontece entre os profissionais de atendimento hospitalar. Em 2001, foram registrados 7.865 acidentes.   

Os metalúrgicos de autopeças são o terceiro grupo mais atingido, com 3.614 casos, e os que trabalham em montadoras pertencem ao quinto grupo de risco, com 3,5 mil acidentes anuais.   

Os médicos e as enfermeiras são as maiores vítimas porque “descartam inadequadamente as seringas, não usam equipamentos de proteção individual e esquecem de se vacinar”. Os trabalhadores de cultivo de cana-de-açúcar ficaram em segundo lugar, com 5.917 casos.   

Essas conclusões estão no trabalho apresentado no 8º Congresso Brasileiro de Controle de Infecção Hospitalar pela enfermeira Ana Paula Coutinho, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).   

Em três cidades do Grande ABC – Santo André, São Bernardo e Mauá – 12.166 trabalhadores sofreram acidentes de trabalho e buscaram tratamento para doenças ocupacionais, em 2001, segundo estatística dos CRT (Centro de Referência do Trabalhador), existentes nesses municípios. Esse número é parcial e não representa a totalidade dos casos regionais.   

O assessor de Saúde e médico do Trabalho do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Théo de Oliveira, explica que a dificuldade de se obter dados regionais deve-se à existência de dois sistemas de processamento de dados (Prisma e Sabi), que são incompatíveis e não se comunicam entre si.   

Segundo um médico do trabalho, ligado à Força Sindical e que pede para não ser identificado, “é impossível conhecer os dados regionais sobre acidentes de trabalho”. De acordo com esse médico, universidades, sociedade civil organizada e sindicatos não têm acesso a dados regionais. “Sem informação não tem prevenção, e os acidentes continuam.”   

O sindicalista Oliveira também segue a mesma linha de raciocínio. “Quando há um alto índice de acidente e muitas doenças de trabalho, segue-se um procedimento padrão”.   

Esse procedimento, de acordo com o médico do Sindicato dos Trabalhadores do ABC, envolve vistorias na fábrica, mudanças de método de trabalho, prazo para a execução dessas alterações e cobranças.   

“Como não existe informação, os fiscais vão em uma empresa e pedem documentos. Se a documentação estiver em ordem, acaba por aí.” Ele lembra que a proposta da Previdência era dispor, “on-line”, todo e qualquer dado sobre acidente de trabalho. “Isso na teoria. Na prática, no entanto...”.   

O engenheiro Antonio Fukuda, coordenador do CRT de São Bernardo, fez um relatório estatístico de acidentes e doenças profissionais, registrados naquela unidade ao longo de 2001. Segundo o levantamento, o maior número de acidentados é do sexo masculino, com 76% dos casos. A parte mais atingida do corpo é a mão, prejudicada em 1.482 ocorrências.




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