O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), publicou decretos na quinta-feira revogando integrantes de comissões responsáveis por fiscalizar contratos da Prefeitura indicados pelo ex-prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) e nomeou novos representantes. Entre os grupos, está o que audita os convênios com a FUABC (Fundação do ABC), cujo contrato com a gestão passada foi alvo de críticas ferrenhas de Auricchio durante o pleito de 2016.

O prefeito também apresentou novos nomes para comissão que supervisiona o funcionamento das escolas privadas de Ensino Infantil na cidade. Outro decreto modifica o corpo fiscalizador do contrato entre a Prefeitura e a Fidi (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem). O contrato foi firmado em 2015 por Pinheiro e foi amplamente divulgado pelo governo do peemedebista por promover realização de diagnósticos por imagem à distância. Segundo o Portal da Transparência do Paço, entre aquele exercício e o ano passado, foram desembolsados R$ 13 milhões com esse acordo.

Oficialmente, o Palácio da Cerâmica se limitou a informar que a promulgação dos decretos foi “decisão tomada em caráter emergencial, devido à urgência da situação, dentro das prerrogativas legais”. Nos bastidores, porém, a iniciativa foi encarada como espécie de devassa aos atos do governo de Pinheiro.

Ainda antes de reassumir o Paço, Auricchio indicava rompimento do contrato com FUABC, que é responsável pela gestão dos hospitais Márcia e Maria Braido e o Hospital de Emergência Albert Sabin, além de gerir a compra de remédios para a Secretaria de Saúde . O prefeito chegou a acusar a gestão passada de manter funcionários fantasmas ligados à Fundação e que alguns, segundo o tucano, recebiam supersalários. A gestão de Pinheiro também foi acusada de superfaturar medicamentos – a FUABC sempre negou irregularidades, alegando desconhecer “esse tipo de situação”.

Na quarta-feira, o Diário mostrou que a futura presidente da FUABC, Maria Bernadette Zambotto Vianna, prometeu abrir a caixa-preta da entidade, promovendo medidas que tornem transparentes o uso do dinheiro público por parte do órgão.

MAL-ESTAR

A nomeação do vereador Marcel Munhoz (PPS) como representante da Câmara na comissão responsável por fiscalizar o contrato com a FUABC gerou mal-estar com o Legislativo. O Diário apurou que Auricchio escolheu o popular-socialista a dedo e gerou insatisfação de alguns parlamentares, que entendiam que a Casa é que deveria apontar seu representante no grupo. O prefeito também teria nomeado figuras da sociedade civil organizadas sem consultar as entidades. “Ao longo dos anos, todos, tanto do Executivo quanto do Legislativo, serão contemplados nas várias comissões que virão a ser instituídas”, sintetizou o Paço, por meio de nota.