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Coleção reúne música clássica 'apimentada'
Por João Marcos Coelho
Especial para o Diário
14/06/2003 | 19:11
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Mozart, Beethoven e Chopin para esquentar noites de amor. É a proposta de três CDs que chegam às lojas. Embora sejam antologias de alguns dos trechos mais famosos escritos por estes que estão entre os maiores compositores da música de concerto, tentam capturar os amantes pela chamada veia sexual.

A começar pelas ilustrações: cartuns eróticos reunindo loiríssimas deusas e atléticos rapazes em situações íntimas e insinuantes.

A série chama-se Love Notes – Music to Echance Romance e não deve ter sido traduzida de propósito. Cada capa contém a já manjada advertência Parental Advisory: Explicit Content (Aviso aos Pais: Conteúdo Explícito) e Sexual Content (Conteúdo Sexual) das fitas pornô. Os títulos também se referem ao chamado ato sexual.

As notas do folheto interno provocam boas gargalhadas em sua intenção de comentar as peças escolhidas de modo a constituir uma trilha sonora adequada desde as preliminares até o ato propriamente dito, o clímax e o chamado cigarrinho do depois. “Love Notes”, diz o texto, “foi concebido para maximizar cada estágio do seu prazer romântico. Cada CD começa com um prelúdio ao amor: música suave e sexy que o convida, e a seu parceiro, a focarem um no outro apenas. Segue-se música apaixonada que os conduz a um clima de total entrega romântica”.

A grande vantagem da seleção é que o acervo da BMG, que engloba o da antiga RCA Victor, tem tesouros sonoros inegáveis, como o piano de Vladimir Horowitz, Sviatoslav Richter e Gerhard Oppitz e a regência de Previn e Fritz Reiner, em Beethoven; Eugene Ormandy e a Orquestra de Filadélfia, o célebre flautista James Galway, a Orquestra de Câmara Inglesa com Colin Davis e a Orquestra de Chicago com James Levine, em Mozart; e Emanuel Ax, Peter Serkin e o notável Earl Wild, além de Horowitz, em Chopin.

Pequeno Ludwig -“Na noite passada aconteceu um novo homem em minha vida, e ele deu o toque exato à noitada. Desde os hipnóticos arpejos da Sonata ao Luar até o estridente clímax da Nona Sinfonia, Ludwig van Beethoven levou-nos a uma romântica cavalgada que não esqueceremos tão cedo (e vamos repetir logo que possível). Ele pode ter morrido há cerca de cem anos, mas as peças deste CD falam diretamente ao coração – e a outros poucos órgãos bem escolhidos – com uma linguagem atemporal, emocionante e verdadeira”. Assim se inicia o texto do CD com a antologia de Beethoven. E continua na mesma toada. “Você vai se surpreender com as grandes coisas que um pequeno Ludwig pode inspirar”.

O CD com Mozart encontra novos motivos para se ouvir sua música. E critérios originais e bem bolados. O disco abre com Soave Sia il Vento, do primeiro ato da ópera Così Fan Tutte, que, anota o sempre erótico autor anônimo do texto do folheto, quer dizer Assim Fazem Todos. É intermezzo instrumental, mas o autor percebe “uma dança de notas que sugere o flerte e as delícias da abordagem feminina pelos homens (sutil jogo no qual Mozart era mestre)”.

Chopin, claro, é um prato cheio. O texto começa dizendo que ele, um “virtual rock star”, provocava ciúme nos homens e fascínio nas mulheres quando tocava. “Este CD é um irresistível convite para vocês se perderem na paixão, cair em tentação, explorar novos prazeres e redescobrir os familiares e favoritos de sempre”.




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