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Mulher aguarda cirurgia há 10 dias em Mauá
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
21/11/2005 | 08:10
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Há dez dias a aposentada Maria Emídia Finco, 71 anos, está internada na enfermaria do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá, esperando para fazer uma cirurgia ortopédica. No último dia 9, a aposentada tropeçou na calçada, caiu e fraturou o braço esquerdo. Depois de passar por dois hospitais, ambos em São Paulo, foi encaminhada para o Nardini, que fica na cidade onde mora. O problema é que o hospital de Mauá não dispõe de condições técnicas para fazer a cirurgia necessária.

Desde então, Maria Emídia aguarda a transferência deitada em um leito do Pronto-Socorro ao lado de outros quatro pacientes com problemas diversos de saúde. Na última quinta-feira, o Nardini chegou a encaminhar a aposentada para o Hospital Central de Guaianazes, em São Paulo, para que ela pudesse enfim ter a fratura reparada. No entanto, no centro cirúrgico, os médicos encarregados pelo procedimento constataram que ela não trazia consigo um laudo cardíaco.

Como o Hospital Guaianazes não faz esse tipo de exame, indispensável para a cirurgia, encaminhou no mesmo dia Maria Emídia de volta para Mauá. Segundo a Secretária Municipal de Saúde de Mauá, Sandra Regina Vieira, o que houve foi uma “falha de comunicação”. “A maioria dos hospitais faz esse exame. Achamos que o Guaianazes também o faria”, alega a secretária.

Além de não fazer a cirurgia, familiares da aposentada afirmam que ela ficou sem transporte para voltar ao Nardini. “Não quiseram liberar uma ambulância. À noite, quando vi que a situação não iria mesmo ser resolvida, peguei um trem e voltei para Mauá. Sorte que consegui um carro emprestado para ir buscar minha mãe”, afirma o pedreiro José Lourenço Finco, 41 anos, filho da aposentada, que a acompanhou na quinta-feira até o Hospital de Guaianases, em São Paulo.

Indignada com o impasse, a família de Maria Emídia levou o caso para polícia na última sexta-feira. Um boletim de ocorrência de preservação de direitos foi registrado no 1º DP de Mauá. “Esse é um BO não criminal. Mas se no futuro for constatada alguma lesão no braço dessa mulher por conta da demora em se realizar a cirurgia, vamos fazer um novo BO por lesão corporal. Esse sim é criminal”, afirma o advogado da família, Agnaldo de Cassio Moreira.

A secretária de Saúde de Mauá, Sandra Vieira, afirma que a aposentada será mais uma vez transferida para o Hospital Guaianazes nesta segunda. Desta vez, com o laudo cardíaco em mãos. O exame foi feito na sexta-feira no Nardini, logo que ela voltou do hospital de Guainazes. Segundo Sandra, a marcação da cirurgia de Maria Emídia não dependia do município, mas sim do Governo do Estado, responsável pela distribuição de vagas em hospitais conveniados à rede pública de saúde.

Mesmo assim, parentes da aposentada estão preocupados com possíveis seqüelas que podem ser causadas pela demora em se fazer a cirurgia ortopédica. O risco é descartado pela Secretaria de Saúde de Mauá, uma vez que o braço de Maria Emídia permaneceu imobilizado durante a espera. Outro fator que preocupa a família da aposentada é o de que desde quinta-feira, quando voltou do hospital paulistano, ela passou a ter crises de vômito. “Ninguém sabe dizer o que está acontecendo com ela. Minha mãe já está internada há tanto tempo que pode ter pego uma infecção hospitalar”, afirma José Finco.




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