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Aluna da UFABC ferida em protesto perde visão

Estudante foi atingida por um estilhaço de
bomba durante confronto com a Polícia Militar

Daniel Macario
Do Diário do Grande ABC
02/09/2016 | 07:00
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Fotos Públicas/Divulgação


Atingida na noite de quarta-feira por estilhaços de uma bomba jogada pela PM (Polícia Militar), durante manifestação contra o governo Michel Temer (PMDB), realizada no Centro de São Paulo, a estudante Deborah Gonçalves Fabri, 19 anos, afirmou ontem ter perdido a visão do olho esquerdo após ação truculenta de policiais

A informação foi dada pela própria jovem ontem pela manhã, logo após a estudante receber alta no H.Olhos (Hospital de Olhos Paulista), unidade de Saúde para onde foi encaminhada após se ferir no confronto com a PM.
“Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!” (sic), declarou a jovem em uma publicação feita em sua página no Facebook.

De acordo com H.Olhos, a jovem deu entrada na unidade na madrugada de ontem às 2h37, com trauma na região da face, escoriações nas pálpebras e região malar esquerda, e lesão perfuro contusa no olho esquerdo. Logo após receber o primeiro diagnóstico da equipe médica, a paciente foi submetida a cirurgia de urgência.

“Por se tratar de um caso delicado, o primeiro procedimento da equipe médica foi tentar preservar a estrutura do olho (globo ocular). Era importante fazer isso para evitar uma possível infecção e também remoção do globo”, informou ontem ao Diário o diretor operacional do H. Olhos, William Fidelix.

Embora não afirme que a jovem tenha perdido completamente a visão, o médico destacou a gravidade do caso. “As chances de ela ficar 100% cega são grandes, só não confirmamos isso ainda pois no pós-cirurgia ela ainda tinha uma pequena percepção de claro e escuro, mas o caso é delicado. Ela não enxerga nada além disso.”

Ontem, o Diário tentou entrar em contato com a estudante, também integrante do movimento Levante Popular da Juventude, entretanto, não obteve retorno.

Em nota, a UFABC declarou lamentar os ocorridos e reforçou seu repúdio a todas as formas de violência, incluindo o uso excessivo de força contra manifestações. “No mesmo contexto, expressa profunda solidariedade a todas as pessoas que sofreram esta violência, em especial à discente da UFABC vitimizada no dia de ontem (anteontem). A estudante e sua família estão recebendo amparo da universidade e de diversos membros da comunidade acadêmica, aos quais agradecemos pelo gesto solidário. A instituição se manifestou à SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado de São Paulo, e continuará acompanhando o caso diligentemente.

Já a SSP declarou ter entrado em contato com a UFABC “para que sejam oferecidos os meios necessários para a localização dela e para que a Polícia Civil possa registrar o fato em que ela alega ter se envolvido e dar início às devidas investigações, uma vez que ela não registrou o boletim de ocorrência”.


Participante relata sofrimento durante ação da Polícia Militar

“Sinceramente, eles (policiais militares) nos encurralaram no muro. Não tínhamos saída. Nossa única alternativa era se deslocar dali no meio das bombas. Eles fizeram isso justamente para nos reprimir”. O relato da integrante do movimento Levante Popular da Juventude Renata Bugni, 30 anos, retrata de maneira clara a sensação dos manifestantes presentes na quarta-feira no ato contra o governo Michel Temer (PMDB), que acabou em confronto com a Polícia Militar.

De acordo com a jovem, após iniciar o ato de maneira pacífica, o grupo em que ela estava protestando, junto com a estudante Deborah Gonçalves Fabri, 19, foi surpreendido com um cordão de isolamento da Polícia Militar. “Estávamos descendo a Consolação quando escutamos barulhos de três bombas e uma fila de policias atrás de nós tacando gás lacrimogêneo. Não tínhamos para onde correr. Eles foram bastantes agressivos como nunca vi antes em outras manifestações”, relata.

Em nota, o movimento Levante Popular da Juventude declarou repudiar veementemente a ação da Polícia Militar. “Exigimos apuração, identificação e punição dos responsáveis imediatamente”, declarou em nota.

Procurada pelo Diário, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado de São Paulo declarou que acompanhou a manifestação desde o início e que só interviu para dispersar os manifestantes que seguiam pela região central da Capital, após um grupo incendiar lixo e atirar pedras contra os policiais. 




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