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Trocando os pés pelas mãos
Caroline Ropero
Especial para o Diário
16/05/2011 | 07:00
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Apesar de o Brasil ser conhecido como o País do Futebol, o handebol é o mais praticado nos colégios, segundo a confederação brasileira desse esporte. Sua popularidade, segundo Diogo Hubner, auxiliar técnico do time da Metodista, pode ser atribuída a grande quantidade de gols possíveis em uma partida. "É muito dinâmico e possibilita balançar a rede diversas vezes em único jogo." Até hoje, o recorde foi da União Soviética, em 1981, que venceu o Afeganistão com 86 gols.

Fora dos espaços estudantis, há outras modalidades para os fominhas por gol, que curtem trocar os pés pelas mãos. Nem todas exigem trave, mas o goleiro está sempre lá,esperando a gorduchinha. O ponto em comum é exigir grande habilidade manual e precisão de movimentos.

Não pense que isso é novidade. Há muito tempo rúgbi, futebol de botão, pebolim, polo aquático e até hóquei (o mais novo deles) atraem muitos praticantes. Cada um com seu diferencial (confira mais no site www.dgabc.com.br).

VENCENDO A ÁGUA
Com quase a mesma idade do futebol, o polo aquático está presente no Brasil desde 1913. O maior atrativo do esporte, segundo Fagner Máximo, treinador da equipe de polo aquático do Sesi São Caetano, é o contato direto com a água, o que o torna bastante divertido. "As jogadas são muito rápidas e é mais fácil fazer o gol (porque é possível se aproximar bastante do goleiro)." Também exige maior esforço físico. "Os jogadores gastam quatro vezes mais energia do que nos outros esportes", afirma Luiz Cesar Martins, fisiologista e coordenador científico do time do Grêmio, de Porto Alegre.

Nos gramados, a bola acerta a rede por meio de bastão de madeira na partida de hóquei, que também exige muito esforço do jogador. "Tem de se deslocar muito, mais até do que no futebol", diz Martins.

DESAFIO DENTRO D'ÁGUA

Pontaria e habilidade não são suficientes para golear no polo aquático: tem de ter força física para encarar a resistência da água e saber nadar, claro! Além disso, exige técnica e treino para se manter flutuando sem apoiar nas bordas e piso. Isso torna o esporte mais desafiador, segundo Danilo Sena, 16 anos, que treina no Sesi São Caetano. "Procurava algo diferente. Estava cansado da natação e não queria mais saber do futebol."

Integrante da equipe mista na mesma escola, a goleira Mylena Frason, 13, não se intimida com a força dos meninos. "Às vezes, vejo um atacante forte e com cara de bravo vindo em minha direção. Dá um pouco de medo, mas defendo." Descontente por ser a única menina no time de futebol do qual participava, Mylena abandonou o gramado. "É mais legal e divertido fazer gol com as mãos."

O treinador Fagner Máximo lembra que os exercícios não proporcionam apenas habilidade técnica, mas resistência física, fundamental neste esporte. Tanto esforço, segundo o fisiologista Luiz Cesar Martins, aumenta a massa muscular do atleta. "Também tem um gasto energético muito grande, pois as ações do jogo (cujas regras são bem diferentes do futebol) exigem muito do organismo."

AGILIDADE É O FORTE DO HANDEBOL

O Brasil tem o melhor handebol das Américas e é o terceiro esporte com marcação de gol mais praticado no País, atrás do futebol de campo e de salão. Em geral, o primeiro contato ocorre nas aulas de educação física.

O que mais atrai é sua agilidade, segundo Diogo Hubner, auxiliar técnico do time da Metodista. "Tem de ser ofensivo. Se ficar parado, é substituído." Também precisa ter força e coragem para encarar as trombadas durante a partida, enfrentando o adversário de frente. Mas tudo com cuidado para não se machucar nem machucar o adversário. Diogo que o diga. Ele já precisou operar o joelho e dois ombros.

Ex-adepto do futebol, Arthur Pelegrini, 17 anos, de São Bernardo, treina há 9 anos. "É ótimo tanto para quem quer diversão como para quem quer se profissionar." Outro ponto forte apontado pelo garoto é o clima de competição para agarrar a bola e golear. O jogo é mais rápido do que no futebol e as regras são mais simples do que no vôlei e basquete. É considerado esporte completo por misturar três elementos do atletismo - correr, saltar e arremessar.

Isso fez com que o paraibano Acácio Moreira, 17, abandonasse o futsal ao conhecer o hande. "Há mais emoção. Quando comecei não parei mais," conta. Por causa da nova paixão, saiu de João Pessoa para treinar no time da Metodista. Mas ele lembra que, apesar da total dedicação, não descuida da escola. Tem de apresentar o boletim para continuar na equipe.

GOLEADA COM TACO

Quem pensa que hóquei só é jogado no gelo está enganado. No Brasil é comum a prática sobre a grama e sem patins, modalidade presente nas olimpíadas. O jogo exige agilidade e rapidez para marcar gols com um taco de madeira. "Braços e pernas são muito exercitados. Com isso, o atleta ganha massa muscular e perde muita enegia", afirma o fisiologista Luiz Cesar Martins.

No início não é fácil conduzir a bola, mas logo pega-se o jeito, segundo Luis Henrique Deo, 17 anos, integrante do programa 2º Tempo, de São Bernardo, que oferece aulas gratuitas para quem tem de 7 a 17 anos. "É diferente de todos os esportes que já pratiquei."

O esporte atraiu Gabriel Silva, 11, que começou a participar de uma temporada de férias, trocou até o horário na escola para continuar treinando e já pensa em se profissionalizar. Na sua opinião é legal porque não tem como ficar parado. Os alunos cansam muito e isso ajuda no condicionamento físico, segundo Fernando Rejani, responsável pelo time.

RÚGBI CONQUISTA ESPAÇO

Segurar a bola na mão e empurrar o adversário não é falta no futebol americano. Pelo contrário, faz parte do jogo. Pode parecer estranho não ter rede nem trave, mas, nesse esporte, o que vale é ultrapassar a linha do gol.

Modalidade parecida, o rúgbi também é jogado assim, mas com algumas regras diferentes. Tem encontrado muitos adeptos na região que se reúnem no ABC Rugby, em Santo André, e no São Bernardo Templários Rugby.

Pouco a pouco,  o esporte começa a mostrar que não é violento como se imagina. "É proibido empurrar um jogador no rúgbi. Só é permitido pular e segurá-lo para que ele caia,  junto com quem executou a ação", explica Rafael Odriozola, diretor do time da UFABC. Assim não é necessário o uso de equipamentos de proteção, exceto protetor bucal.

O destaque é o espírito de coletividade. Precisa de harmonia para o time funcionar . "Ninguém ganha o jogo sozinho", afirma Murillo Ichikawa, do ABC Rugby. Mas o mais importante, na opinião do dirigente do clube, é que todo mundo pode jogar, independentemente da altura e peso. "Não há limitações. Cada tipo físico tem um lugar no campo." 

DO CAMPO PARA O SALÃO DE JOGOS

Dá para ser técnico, goleiro e jogador em único jogo? Isso é possível no futebol de mesa, conhecido como de botão. O destaque da modalidade é a facilidade de poder ser jogado em qualquer lugar. "É interessante porque junta a ilusão de se estar em campo com os jogadores preferidos", afirma o botonista Educardo Aldecoa, de São Caetano, campeão brasileiro aos 17 anos, em 2008.

Já no pebolim a bola não sai do pé dos bonecos. No entanto, quem comanda é a mão do jogador ou da dupla. O que parece brincadeira é esporte sério para os confederados que participam até de campeonatos internacionais.

COMO JOGAR

Handebol - A partida ocorre em dois tempos de 30 minutos, com intervalo de 10 minutos entre eles. Cada equipe tem sete jogadores. Com exceção do goleiro,  os demais  não podem tocar a bola com pernas ou pés. É permitido fazer substituições quantas vezes necessárias durante a partida. As faltas consideradas graves são punidas com arremesso livre a  7 metros do gol.

Pólo aquático - A partida ocorre em quatro tempos de  sete minutos, dentro de uma piscina com duas traves. Cada equipe tem sete jogadores que só podem arremessar a bola com única mão, com exceção do goleiro que pode usar as duas. A parte difícil é que os jogadores não podem apoiar nas bordas nem no chão. Além disso, quem está com a bola tem  de carregá-la entre os braços enquanto nada. Os times são identificados pela cor das toucas; o goleiro usa vermelho.

Hóquei sobre grama -
A partida tem dois tempos de 35 minutos. Cada time tem 11 jogadores que tentam marcar o maior número de gols.  Antes de marcar, a bola tem  de ser tocada pelo taco de um atacante dentro da área de chute (semicírculo marcado a 15 metros do gol).  Só o goleiro pode tocá-la com mãos ou pernas.

Futebol de mesa -
O time é formado por 11 jogadores (botões) de cada lado. A partida é dividida em dois tempos de 10 minutos. Assim como  no futebol de campo,  este também tem falta e pênalti. Só não tem juiz. Quando a bolinha toca no time adversário ou na trave, o jogador passa a vez. A regra é não falar durante o jogo nem comemorar gols. Há vários tipos de botões para jogar.

Rúgbi -
Os 15 jogadores de cada time marcam pontos  (try) conduzindo a bola com a mão até o fim do campo adversário. A bola só pode ser passada para o jogador de trás. A partida tem dois tempos de 40.  Os jogadores não usam proteção corporal, como no futebol americano; a exeção é o protetor bucal.

ONDE TREINAR

Handebol

São Bernardo: Metodista  (4366-4439) e Clube Mesc  (4109-5022,  ramal 218 )

Ribeirão Pires: Complexo Ayrton Senna  (4823-7444)

Pólo aquático

São Caetano: Sesi  (4238-1400)

Hóquei

São Bernardo: CREC Baetinha (Rua Bauru, 20. Tel.: 4336-8215) - comparecer no local do treino aos sábados, das 7h30 às 10h.

Futebol de mesa

São Bernardo: Meninos Futebol Clube (4368-8499)  São Caetano: Clube Recreativo Esportivo Fundação (4229-9088)  

Rúgbi


Santo André: ABC Rugyb (sábados, às 9h, na praça da Avenida Atlântica, 420)




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