Setecidades Titulo Caso Eloá
Capitão do Gate diz que disparo motivou invasão

Criticada, ação da polícia no caso Eloá é justificada no júri;
tentativa da defesa é tentar atacar a Polícia Militar e a mídia

Cadu Proieti
Rafael Ribeiro
15/02/2012 | 07:00
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O barulho de um tiro de espingarda foi o que motivou a polícia a invadir o apartamento em que Eloá Pimentel e Nayara Rodrigues eram mantidas reféns, em Santo André. A afirmação foi feita pelo capitão do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar, Adriano Giovanini, ontem, durante o segundo dia de julgamento de Lindemberg Alves Fernandes.

O depoimento é diferente do dado por Nayara Rodrigues na segunda-feira, onde relatou que os três disparos foram dados após a invasão.

Segundo Giovanini, após uma semana de cárcere e negociações, Lindemberg vinha reclamando de cansaço pela primeira vez e dando indícios de que não libertaria Eloá. "Naquela sexta-feira, ele não colocou mais a cabeça na janela. Não tínhamos mais certeza da posição das meninas e veio o estrondo."

A defesa utilizou toda a parte da tarde do segundo dia de atividades para tentar abordar a atuação policial no caso, muito criticada por especialistas e pela família de Eloá. Delegado do 6º DP (Vila Mazzei) da cidade na época, Sergio Luditza desmentiu que Lindemberg fora agredido durante o depoimento. "Nada foi filmado dentro da minha delegacia."

Dispensado pela advogada Ana Lúcia Assad antes de falar no plenário, o perito criminal do IC (Instituto de Criminalista) Hélio Rodrigues Ramacciotti, responsavél pelo laudo final do inquérito, afastou qualquer possibilidade dos tiros terem sido disparados pela Polícia Militar. "Não havia indício algum de uma bala calibre 40 (de arma usada pelas forças policiais) no local. Um calibre desses mataria Nayara." Para ele, a ausência de chumbo, características de quem dispara um projétil, no exame feito por Lindemberg, é explicável. "Esse tipo de exame é indicativo, não conclusivo. Existem vários elementos que alteram o resultado."

O depoimento mais aguardado foi mesmo o de Giovanini. Foram cerca de quatro horas e meia de fala, metade do tempo respondendo perguntas da defesa. O capitão refutou mais uma vez que houve falhas na forma como o caso foi tratado. "Muita gente defende que tívessemos atirado. Tive uma oportunidade apenas, logo que chegamos. Mas como vou começar um trabalho e já acertar uma bala de fuzil na cabeça de uma pessoa?", questionou.

Giovanini alegou que o apartamento não oferecia condições para invasão segura. A situação se complicava com as barricadas que eram montadas. "Quando explodimos, a porta só não caiu porque tinha uma mesa atrás.

Mas os policiais tinham visão completa das pessoas lá dentro."
Certeza, apenas, o capitão tem das intenções de Lindemberg. Policiais infiltrados no apartamento ao lado escutavam o rapaz bater e ameaçar Eloá. Em todo o momento ele deixava claro que iria matá-la. Exausta, a menina disse que era o que queria. Giovanini disse que não havia prazo para o encerramento do caso, o que tornou a situação mais difícil.

O julgamento foi suspenso ontem às 23h10. O tenente Paulo Sérgio Schiavo, do Gate, será a última testemunha de defesa a ser ouvida, hoje. Em seguida, será a vez do tão aguardado depoimento de Lindemberg.




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