Economia Titulo Indústria
Empresa da Capital pede a falência da Volkswagen

Fornecedora diz que montadora deixou de
pagar R$ 6 milhões por peças produzidas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
11/06/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A Metalzul, fabricante de autopeças sediada na Zona Sul de São Paulo, entrou na Justiça para requerer a falência da Volkswagen. A empresa alega que a montadora deixou de pagar cerca de R$ 6 milhões por materiais produzidos e entregues às fábricas de São Bernardo, Taubaté, no Interior e São José dos Pinhais, no Paraná.

O advogado da Metalzul, Gabriel Battagin Martins, explica que os problemas com a multinacional alemã começaram no ano passado, após a fabricante de autopeças reivindicar reajustes dos valores pagos pelas mercadorias produzidas. Irritada com os pedidos, a Volkswagen iniciou, no último trimestre, o phase out, ou seja, processo de retirada gradual da empresa do seu rol de fornecedores.

Foi definido, então, que, até março deste ano, a Metalzul deveria continuar a fornecer peças para a Volkswagen, que se responsabilizaria pelos custos de matéria-prima, embalagem e frete. “Ao fim desse processo, a montadora ainda não havia concluído a contratação de um novo fornecedor e, então, ficou definida a prorrogação desse phase out por R$ 4 milhões. Inclusive, a Metalzul chegou a produzir R$ 1,5 milhão em peças. Nesse tempo, não sei o que aconteceu, mas deixaram de fazer esses pagamentos, mesmo com as peças entregues. Temos nota fiscal e carimbo de tudo isso”, diz o advogado.

A fabricante de autopeças, então, cobrou o pagamento desse valor e, ao não ser atendida, optou por recorrer à solicitação de falência no Poder Judiciário. “Pode parecer uma medida extrema. Mas, infelizmente, foi a saída encontrada para chamar atenção para essa batalha de Davi contra Golias”, justifica Martins. O advogado explica que, se a Justiça deferir o pedido, a Volkswagen será intimada a pagar o que deve. Caso contrário, poderá decretar a falência da companhia.

A proprietária da Metalzul, Cornélia Kriemann, acrescenta que a Volkswagen também não cumpriu o acordo referente ao pagamento de matérias-primas. “Depois de tudo isso, ainda entraram com processo para me cobrar R$ 4,8 milhões por essas matérias-primas. Eu disse: ‘Vocês estão de brincadeira’. Ou seja, estou tomando prejuízo de mais de R$ 6 milhões nessa negociação”, lamenta.

Essa situação, continua a empresária, fez com que a firma tivesse de demitir cerca de 180 trabalhadores. “Tenho dívidas de mais de R$ 8 milhões de rescisões trabalhistas”, destaca. Ela informa ainda que a Metalzul, que hoje está em recuperação judicial, prestou serviços para a Volkswagen por cerca de 50 anos e que 90% de sua produção era feita sob encomenda para a multinacional alemã. Ou seja, as peças prontas terão de ser descartadas, já que não poderão ser aproveitadas por outra montadora.

O grupo empresarial de Cornélia chegou a ter fábrica em São Bernardo, mas que fechou em razão de problemas financeiros. No auge de sua atividade produtiva, as duas plantas chegaram a empregar 500 trabalhadores.

Cornélia faz críticas à postura da Volkswagen diante dos pedidos de reajustes. “Sempre foi essa briga. E sempre disseram que, se insistíssemos nesse pedido, iriam nos cortar da lista de fornecedores”, denuncia a proprietária da fábrica. Outra empresa que está tendo problemas semelhantes é a Keiper, fabricante de bancos automotivos que possui unidade em Mauá e que chegou a paralisar o envio de peças à montadora para pressionar a correção nos valores. O impasse também foi parar no Poder Judiciário.

A Volkswagen foi procurada pelo Diário desde quinta-feira, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição. 




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