O Grande ABC trafega na contramão do Estado. Enquanto o número de pessoas mortas no trânsito urbano paulista diminuiu em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado, as sete cidades verificaram aumento de ocorrências. Em 29 dias, 18 pessoas perderam a vida nas avenidas e ruas da região – mais que uma a cada dois dias. As estatísticas são estarrecedoras. Neste caso, qualquer indicador diferente de zero expõe falha nas políticas de prevenção de acidentes.

A Capital registrou uma das quedas mais expressivas nos indicadores, que recuaram 20,6% no período, passando de 97 mortes para 77 de um ano para outro. Necessário reconhecer que, embora extremamente impopulares, as medidas de redução da velocidade máxima em vias importantes de São Paulo, incluindo as marginais do Tietê e do Pinheiros, implantadas pelo prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) deram o resultado esperado.

No Grande ABC, foram poucas as medidas efetivas tomadas pelas administrações para diminuir a violência no trânsito. Um dos destaques foi a campanha Travessia Segura, promovida pelo Consórcio Intermunicipal. Os resultados da iniciativa, ao que parece, não foram suficientes para tornar as vias dos municípios da região mais seguras tanto para pedestres quanto para motoristas e passageiros. São Bernardo é a cidade mais violenta, com seis mortes no asfalto, seguida de Santo André e Mauá, empatadas com cinco cada uma.

Especialistas são praticamente unânimes quando instados a apontar caminhos para promover trânsito mais humanizado e gentil. Reduzir a velocidade máxima é sugestão de dez entre dez pessoas que pesquisam o assunto. Estudos comprovam que veículo trafegando a 35 km/h tem 5% de possibilidade de matar pedestre em caso de atropelamento. O percentual sobe para 48 se a velocidade aumentar para 45 km/h e a 85% para automóvel a 64 km/h. Não restam dúvidas de que a morte anda de carona com o motorista que gosta de pisar no acelerador. A vida, pelo contrário, é a boa acompanhante dos prudentes.