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Um ano depois de tragédia, irmão de Cosmo visa herdar espólio político

Vereador foi assassinado dentro de casa, em 2015, no bairro Sítio dos Vianas

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
13/03/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


Um ano depois da trágica morte do vereador de Santo André Cosmo do Gás (PDT) – aos 46 anos, assassinado a tiros em sua residência, no bairro Sítio dos Vianas, no dia 9 de março de 2015 –, o cenário político do município presencia o irmão do parlamentar, Antônio Rodrigues Cardoso, conhecido como Toninho do Gás (PPS), colocando-se na disputa por cadeira no Legislativo, a fim de herdar espólio eleitoral da família.

A mulher de Cosmo, Fabiana Pereira Cardoso, chegou a ser cotada para assumir o papel, mas rejeitou os pedidos. Com a negativa, o posicionamento de Toninho repete o mesmo firmado pelo irmão a partir de 2010. Na ocasião, Cosmo era assessor de gabinete do vereador Geraldo da Silva Souza, o Isqueiro (DEM), que morreu, aos 45 anos, devido a choque hipovolêmico (perda de grande quantidade de sangue).

A confirmação do plano foi feita pelo pré-candidato a prefeito pelo PPS, o ex-secretário de Cultura Raimundo Salles (PPS), que era aliado de Cosmo. “Ele adotou o nome Toninho do Gás e tentará manter o trabalho do irmão, que era dar esse olhar especial à comunidade mais carente”, pontuou.

Cosmo do Gás foi morto por bandidos que invadiram sua casa, na região periférica da cidade, por volta das 4h em busca de R$ 300 mil em espécie. Um dos assaltantes atirou nas costas do vereador e o bando fugiu do local a pé, levando apenas três relógios e um celular. Eleito com 2.719 votos em 2012, Cosmo estada no PDT, à época, que foi liderado por Salles no pleito majoritário. A investigação foi concluída pelo 6º DP (Jardim do Estádio), com a prisão de quatro envolvidos (Leia mais abaixo).

“Ele era meu amigo. Fiquei muito triste e procurei ficar perto da família. Na quarta-feira (último dia 9) foi feita a missa de um ano de sua morte na Vila Pires”, adicionou Salles. Cosmo cogitava migrar para o PPS para concorrer à reeleição.

Na Câmara, o lugar do pedetista foi ocupado por Carlos Ferreira, que na semana passada trocou o PDT pelo PPS. “O perfil é totalmente diferente. Cada vereador tem um projeto. E isso não dá para comparar. O que resta é lamentar o ocorrido, pela forma como tudo aconteceu”, avaliou Ferreira.

Com perfil discreto, Cosmo deixou no currículo de dois anos e três meses na Câmara legado de participação em grupos independentes que se formaram para cobrar ações do governo Carlos Grana (PT). O mais recente foi o G-12, estabelecido na eleição para a presidência da Casa e para pleitear mudanças nas secretarias de Educação, gerida por Gilmar Silvério, e de Saúde (Homero Nepomuceno), além de implantação de unidade de Saúde no Sítio dos Vianas.

O único servidor que atuava no gabinete de Cosmo e que segue no Legislativo é Luiz Roberto dos Santos, que era assessor-chefe. Hoje está lotado no gabinete da presidência da Câmara. “Foi trabalho muito bom que fizemos juntos. Ele tinha a postura de ficar na rua, atendendo a comunidade. Nossa demanda de serviço era alta por conta disso”, relembrou.
 

Polícia concluiu crime de latrocínio

Delegado titular do 6º DP de Santo André (Jardim do Estádio), Adilson de Lima, responsável pela investigação do assassinato do vereador Cosmo do Gás, concluiu o caso como latrocínio (roubo seguido de morte). “Foi estabelecido que não teve conotação política, que era uma das variáveis. Tudo foi averiguado”, explicou o Lima, que finalizou os trabalhos de apuração cerca de um mês depois do episódio.

Quatro homens invadiram a residência de Cosmo ao acreditarem em um boato que circulava no bairro de que verba de até R$ 300 mil referente a emenda ao Orçamento do Executivo estava sob posse do parlamentar. O recurso era indicado ao governo para aplicação em obras.

“Na ocasião, adentramos o bairro e conseguimos dar celeridade às investigações, montando todo conjunto de informações”, adicionou o delegado, que encaminhou o inquérito à 4ª Vara Criminal do Fórum de Santo André.

A família do vereador não reside mais no Sítio dos Vianas. Na ocasião, sua mulher Fabiana Pereira Cardoso estava grávida. “Hoje a criança está com quase seis meses e os outros três filhos deles estão bem, dentro do possível. Existe dificuldade, porque o Cosmo conduzia a família”, contou o ex-prefeiturável Raimundo Salles, aliado próximo do pedetista.




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