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Candidatura avulsa de Virgílio incomoda Lula
05/01/2005 | 13:58
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A candidatura avulsa do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) a presidente da Câmara preocupa a direção nacional do partido e o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer que se repita no Congresso o que ocorreu na Câmara de São Paulo, em que a legenda se aliou ao vereador Roberto Tripoli (PSDB), dissidente tucano, e derrotou o vereador Ricardo Montoro (PSDB), candidato do prefeito José Serra (PSDB). Lula havia recomendado ao PT que votasse em Montoro.

Em conversa com articuladores e interlocutores políticos nas últimas 48 horas, o presidente deixou claro que está muito irritado com a sigla paulistana e que não aceitará uma dissidência aberta na agremiação.

A recomendação de Lula é para que todos trabalhem e se empenhem numa ação política pela união do PT em torno do candidato oficial da bancada, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Segundo um dos interlocutores políticos do presidente, Lula avalia que Guimarães não tem “fôlego” para sustentar uma candidatura sozinho, isolado na administração federal e no partido.

Em reunião da coordenação política, o presidente recebeu informações de que o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), estaria insuflando Guimarães a lançar-se candidato com o apoio dos rebeldes da base que se uniram a adversários do Poder Executivo no chamado Movimento Câmara Forte – formado para lançar oficialmente o nome de Guimarães no plenário da Casa como candidato avulso. Mas o mesmo interlocutor conta que, na terça-feira à tarde, João Paulo teria telefonado de Natal para Greenhalgh, negando que esteja estimulando Guimarães a enfrentá-lo no plenário da Câmara. O movimento de João Paulo pode prejudicar as pretensões dele na reforma ministerial que deve ser concluída ainda no fim deste mês.

Estratégias – A bancada do PT montou uma estratégia para tentar diminuir os estragos que Virgílio provoca na candidatura de Greenhalgh. Partidários de Greenhalgh começam a elaborar nesta quarta-feira um manifesto em defesa da unidade da bancada e propondo o compromisso com a vitória dele no plenário.

Ciente das dificuldades que a candidatura avulsa de Guimarães poderá trazer à base de Lula, o presidente nacional do partido, José Genoino, tentou, numa conversa que durou duas horas, convencer Guimarães a desistir dessa disputa. Poucas horas depois do encontro, o deputado do PT de Minas Gerais declarava que a possibilidade da candidatura, “evidentemente, podia existir” e era lançado por deputados do PL como a alternativa para disputar com o deputado do PT de São Paulo no plenário. “Não existe espaço para candidatura avulsa no PT”, reagiu na terça-feira o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), um dos organizadores do manifesto pró-Greenhalgh.

Genoino também admitiu que está na bancada o maior conflito da candidatura do deputado do PT paulista. “O problema não é com os aliados. Temos de resolver a questão no interior da bancada”, disse o presidente nacional do PT. Genoino avalia que questões internas na bancada produzem efeitos negativos nas legendas da base e que, no governo, cabe, acima de tudo, ao PT manter a unidade partidária.

Na terça-feira, ele tentou apagar também no PTB o foco de resistência ao nome de Greenhalgh e o crescente movimento de deputados petebistas a favor do deputado do PT mineiro. Na terça, deputados do PL que também integram o grupo fizeram campanha aberta a favor de Guimarães, durante cerimônia de posse de suplentes que ocupam vagas deixadas por deputados que renunciaram para assumir mandatos nas prefeituras. “A Casa quer Virgílio. Nosso movimento já conta com 150 assinaturas a favor dele”, disse o deputado João Leão (PL-BA).



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