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ABC não tem como recolher as pilhas usadas
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
27/12/2003 | 16:52
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O Brasil produz 80 milhões de pilhas por ano. Dez milhões delas serão descartadas, depois de esgotado seu potencial energético. Não existe estrutura no Grande ABC para recolher pilhas usadas. Ambientalistas reinvidicam que sejam colocados postos de captação pelas prefeituras em pontos estratégicos das cidades. Sem local adequado, as amarelinhas e as alcalinas vão invariavelmente para o lixo.

O Ministério do Meio Ambiente até possui, em sua página na Internet, uma relação de postos para coleta de pilhas e baterias, em seis cidades da região (a exceção é Rio Grande da Serra). Os endereços, no entanto, estão defasados. A maioria dos locais nem faz mais essa coleta.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), entidade que reúne os principais fabricantes de pilhas do país, enviou material de esclarecimento ao Diário e diz que a maioria das pilhas pode ir, sim, para o lixo.

A embalagem de algumas pilhas possui um desenho, mostrando que sua destinação pode ser a lixeira doméstica. A Abinee ampara-se em uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

“Lugar de pilha não é o lixo”, protesta o assessor técnico do Instituto Acqua, Romualdo Juliatto. “As pilhas vão gerar mais resíduos, mais volume, o que é um problema em qualquer aterro. Além do mais, elas não são biodegradáveis.”

Juliatto assinala outro problema: “Muitas pilhas, que vão para o lixeira doméstica, entram no país clandestinamente. São produtos piratas inadequados à legislação brasileira e trazem elementos químicos nocivos à saúde”.

A esse respeito, o autor do Guia Ecológico Doméstico, o antropólogo Maurício Waldman, afirma acreditar na “boa intenção” dos fabricantes de respeitarem a legislação. “Mas uma coisa é o mercado formal, que tem controle; outra é o informal, que não tem controle nenhum”, acrescenta.

Perigo – Tanto fabricantes como ecologistas sabem de cor quais são os elementos químicos perigosos que se escondem dentro das pilhas de origem desconhecida: cádmio (agente cancerígeno, capaz de causar sérios danos ao sistema nervoso), chumbo (causa dor de cabeça, perda de memória, paralisia, insônia), lítio (afeta o sistema nervoso central), zinco (provoca vômito e diarréia), só para citar os mais comuns.

Atiradas em lixões, pilhas e baterias ficam expostas ao sol e à chuva.

Elas se oxidam e a casca metálica se rompe, liberando os metais pesados que irão poluir os lençóis freáticos.

Esses elementos químicos podem entrar na cadeia alimentar humana pela ingestão da água ou pelo consumo de produtos agrícolas, irrigados com água contaminada.

Se as pilhas acabam no lixo doméstico, as baterias de celulares gastas podem ser entregues em postos de recolhimento, existentes na região.




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