``A direita perdeu', resumiu friamente o jornalista político Ali Ajanpur em Racht (Norte do Ira), cidade considerada como o ``pulso político' do país, onde os reformistas avançaram como em todo o território.
A esquerda reformista obteve 57 das 95 cadeiras no primeiro turno, segundo o ministério do interior.
Os líderes de direita se mostraram discretos, rechaçando fazer comentários e se refugiando atrás dos resultados provisórios.
``Esperamos o segundo turno. Talvez haja surpresas. Temos dois meses para nos preparar. Perdemos, mas nao estamos vencidos', disse um líder da Coalizao da Linha do Ima e Guia (direita conservadora).
Fazendo da necessidade virtude, os dirigentes conservadores insistiram na forte participaçao, acima de 75%, e na necessidade de respeitar os fundamentos do regime islâmico.
``Os candidatos da direita tiveram um êxito relativo, é certo', confessou o porta-voz dos conservadores em Teera, Mohamad Reza Bahonar.
Mas ``a participaçao foi muito importante e determinante, e estamos satisfeitos. Este índice de participaçao dá legitimidade ao nosso regime islâmico'.
Sejam quais forem os resultados definitivos, a sorte do ex-presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani, líder dos conservadores e moderados de Teera, parece delicada.
``Os conservadores devem aceitar, integrar e digerir sua derrota. Rafsanjani fracasou em seu retorno político. Trata-se de um fato político importante', explicou o escritor Kazem Karvanavi.
``Embora a esquerda vença, é ainda a República Islâmica, nossa Constituiçao e a linha de nosso Guia, o aiatolá Ali Khamenei, o que prevalece. A democracia é resultado da revoluçao islâmica, é preciso nao esquecer', disse Rajmatolá Hagigi, um influente empresário conservador.
O grande comparecimento às urnas, superior a 75% dos mais de 38 milhoes de eleitores, favoreceu os reformistas, cujo eleitorado é composto principalmente por mulheres e jovens.
O resultado do primeiro turno das eleiçoes legislativas significa, sobretudo, um voto de confiança dos eleitores a Mohamed Khatami, eleito presidente em 1997, mas cujas reformas foram freadas por um Parlamento conservador.
O segundo turno, previsto para os próximos meses, deverá conceder ao presidente uma ampla maioria parlamentar, com a qual Mohamed Khatami poderá levar adiante a abertura política e a liberalizaçao da sociedade.
A contagem manual dos votos poderá levar vários dias.
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