Setecidades Titulo
Pronto-Socorro seria conivente com ‘Máfia do Óbito’
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
04/08/2005 | 08:38
Compartilhar notícia


A Polícia já sabe que mais uma declaração de óbito foi retirada em branco do Pronto-Socorro Municipal de São Caetano sem a presença do médico e sem preenchimento de requerimento de retirada, em uma evidência que a ‘Máfia do Óbito’ teria mesmo a conivência de funcionários do PS. O suposto esquema de venda de atestado de morte, que envolve o médico-cardiologista Eduardo Agostini, funcionários e donos das funerárias São Paulo e Abcel e pessoal do PS de São Caetano, foi descoberto pela polícia a partir do depoimento de dois indiciados por falsidade ideológica em fevereiro de 2004.

Em 5 de fevereiro do ano passado, por meio da intermediação de representantes da funerária Abcel, de São Caetano, o médico-cardiologista Eduardo Agostini preencheu, sem ver o corpo, a declaração de óbito da aposentada Dulce Simplício de Arruda, que morreu no Hospital Municipal de Santo André. Em 20 de julho deste ano, Agostini foi flagrado pelo Diário atestando um óbito, também sem ver o corpo. Pelo “serviço” de agora, cobrou R$ 200, dinheiro que foi entregue ao gerente da funerária São Paulo, que o repassou ao médico. Detalhe: o morto, em questão, já havia falecido há 12 anos.

O atestado de óbito de Dulce acabou resultando no inquérito policial 104/04, instaurado no 2º DP de Santo André. O delegado titular de Rio Grande da Serra, Marcelo Bianchi Fortunato – que à época era o titular do distrito de Santo André e presidiu o inquérito – indiciou Agostini por falsificação de documento público (artigo 297 do Código Penal) e também Marcelo Foltran, um dos donos da Abcel, por falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal).

Repleto de contradições, o depoimento dos envolvidos no inquérito de 2004 detalha como era o esquema envolvendo Agostini, a funerária Abcel e o PS de São Caetano. Marcelo Aparecido de Lyra – vendedor da Abcel – admite que manteve contato com a família de Dulce no hospital de Santo André e ofereceu o plano funerário. Diz que o neto da paciente, Valdir Montes, teria perguntado se existiria forma de agilizar o processo funerário. Lyra, então, teria telefonado para Marcelo Foltran avisando-o sobre o serviço. Foltran teria lembrado que Agostini poderia assinar o atestado falso. A partir daí, Lyra teria voltado à sede da funerária, em São Caetano, e junto com João Celso Filipini – também funcionário da Abcel – ido até o PS retirar o documento. Depois, foram até a casa de Agostini, também em São Caetano, que atestou o óbito, sem ver o corpo. O outro dono da Abcel Domingos Sávio Roggero disse ao Diário que foi coincidência o fato de Agostini ter assinado o laudo da mulher de Santo André.

No inquérito, Valdir Montes depõe e diz que Lyra abordou a família no hospital e teria oferecido o plano. Disse, também, que não autorizou a funerária a utilizar de meios que não fossem legais. Montes disse, também, que não conhecia Eduardo Agostini e que achou que ele era funcionário do Hospital Municipal de Santo André.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;