Setecidades Titulo
Inquérito sobre morte de Eloá deve ser concluído na sexta
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
22/10/2008 | 07:04
Compartilhar notícia


O delegado do 6º DP de Santo André, responsável pelas investigações do caso Eloa, declarou ontem que pretende concluir inquérito nesta sexta-feira. "O que for feito depois do prazo, como outros depoimentos e a reconstituição do crime (ainda sem data marcada), será mandado em separado para a Promotoria", disse Sergio Ludtiza.

O depoimento de Nayara Rodrigues da Silva é aguardado com ansiedade para que se tenha conhecimento do que realmente aconteceu antes e depois da invasão do apartamento. Ontem, especialistas em segurança voltaram a mostrar divergências ao comentar a ação. O advogado criminal e ex-delegado de polícia, João Ibaixe Júnior, disse que o seqüestrador já havia dado sinais de que não se entregaria.

"Os policiais não podem se preocupar em passar uma imagem de simpatia, de uma corporação que busca o diálogo, forçado neste caso. Reconheço que a situação era difícil, mas os atiradores deveriam ter sido acionados. Daria a ordem no momento em que se percebeu que ele não cumpria os acordos. A polícia perdeu o controle na quarta-feira. Ele (Lindemberg) ficou se sentindo o rei do pedaço."

Ibaixe Júnior também acredita que a ação marcará uma alteração de comportamento da polícia em relação aos chamados tiros de comprometimento. "Por uma questão histórica, toda a situação em que ocorre algum tipo de tragédia, traz mudanças", completou.

O presidente da comissão de Justiça e Segurança do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), Renato De Vitto, discorda da tese de que o seqüestro em Santo André se tornará um ‘divisor de águas'. "Já temos uma legislação que garante a legítima defesa. Não acredito que isso vá mudar. A avaliação do risco é subjetiva e vai continuar sendo. Não há padrões para negociações, como se tem dito, principalmente em situações onde a pessoa que mantém reféns não tem histórico de violência. A polícia não tem mandato para matar."

Já o fundador do Bope (Batalhão de Operações Especiais) afirma que daria a ordem para atirar, se estivesse no comando. "Não hesitaria e não me preocuparia com as conseqüências na Justiça ou com as críticas da imprensa. O tiro seria para salvar a integridade física da refém", declarou, em programa de TV, o coronel Paulo César Amêndola.

Mas para o promotor do Júri de Santo André, Antonio Nobre Folgado, o crime foi premeditado. "É só perceber a direção dos disparos na face das duas (Eloa e Nayara). Isso demonstra que a intenção era matar. A questão de ter havido ou não disparo antes da entrada da Polícia Militar indiferente", declarou Folgado, que será responsável pela denúncia à Justiça. (Colaboraram André Vieira e Luciano Cavenagui)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;