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Região gasta mais com ensino que o País
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
03/05/2011 | 07:11
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Um terço dos moradores do Grande ABC paga pelo ensino privado. Pesquisa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) revela que 63,9% dos moradores mantêm os filhos em escolas públicas. Mas os que pagam colégios particulares desembolsam, em média, R$ 436,33 por mês. Montante 63% maior do que o gasto nacional.

No País, o consumo per capita das famílias com educação privada está previsto em R$ 267,68 por mês. Os dados foram levantados pelo Ibope Inteligência. Até dezembro, a estimativa é atingir, no Brasil, R$ 43,61 bilhões no ensino, concentrados nas classes A e B, que juntas somam 80,5% do total desembolsado.

O coordenador do instituto de pesquisas da USCS, Leandro Prearo, afirma que na região sobram escolas privadas. A rede pública, apesar de atrasos em algumas cidades, também entrega material e uniforme escolar. "Na região, a maioria das crianças em idade escolar está na rede pública", diz. Segundo ele, os preços altos justificam a preferência pelos colégios sem mensalidades.

O diretor do Ibope Inteligências, Antonio Carlos Ruótolo, considera que o resultado mostra que os mais pobres não têm a educação como prioridade. "Quem põe a mão no bolso com educação é basicamente a classe A. A maior parte das classes C, D e E conta com o sistema público."

No entanto, dados da Aesp (Associação das Escolas Particulares do ABC) mostram que o sonho da família brasileira é poder bancar o ensino privado aos filhos. "A educação é um direito, esses resultados só confirmam que o governo precisa subsidiar o ensino", declara a presidente da entidade, Oswana Fameli.

Por ser a primeira pesquisa sobre o tema em âmbito estadual, é difícil mensurar a evolução nessas despesas. Na classe mais alta, a presença para consumo no setor é dez vezes maior do que sua população, de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. A faixa B gasta duas vezes mais do que sua população, de 11,8 milhões, com educação: são R$ 25,54 bilhões do total projetado para 2011 (veja arte acima).

Oswana explica que o valor gasto pelas famílias da região é maior do que a média nacional devido ao bom desenvolvimento econômico.

Escola particular representa 30% do orçamento familiar

Correr atrás dos objetivos. O mantra é recorrido pela maior parte das famílias como reforço para conseguirem manter as crianças no ensino pago. A professora Edlayne Giurolo gasta R$ 800 mensais para manter o casal de filhos numa escola de Santo André. O valor representa 30% de sua renda mensal média. "Se eu te falar que o valor é baixo é mentira."

Ela descarta alocar as crianças para a escola pública. Não que a desmereça, mas afirma que está muito aquém do esperado. "Tenho um sobrinho que ficou de reforço em matemática na escola estadual e eles o levaram ao zoológico para o reforço. O que isso tem a ver?", questiona.

A professora, que estudou na rede pública, disse ainda que a violência e as drogas também influenciam na decisão de mantê-los na rede particular.

A advogada Andréa Vellucci mudou as duas filhas de colégio porque pagava caro na mensalidade - R$ 1.200. Hoje o valor caiu pela metade, R$ 603, o que ainda representa 30% do orçamento. Soma-se às despesas 20% nos gastos extras, como cursos e passeios.




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