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Vagas do Prouni são desperdiçadas
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
03/12/2006 | 18:33
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O Ministério da Educação distribui bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos) a instuições de ensino superior que não oferecerão turmas no ano letivo de 2007. São mais de 50 vagas desperdiçadas apenas no Grande ABC com cursos de ensino à distância que permanecerão no âmbito virtual por falta de inscritos para o vestibular. A cota de bolsas estava reservada para a Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da região do Pantanal) e Unopar (Universidade do Norte do Paraná).

Ambas as instituições de ensino – apesar de contarem com campus em outros Estados do país – divulgaram turmas nas cidades de Santo André, São Bernardo e Diadema.Os cursos, que seriam realizados à distância, estavam divididos em diversas áreas, como administração de empresas, tecnologia em marketing, letras, pedagogia, história e serviço social.

Para funcionar, as escolas precisam firmar parceria com colégios regionais, já que mesmo os cursos online devem oferecer, ao mínimo, um dia de aula presencial. Os espaços físicos a serem usados pela Uniderp, por exemplo, seriam as unidades do colégio adventista. Procuradas pela reportagem, os funcionários do colégio informaram que os interessados são, agora, encaminhados para a Capital. O vestibular na região foi cancelado por falta de incritos.

As bolsas garantidas para cada uma das unidades da Uniderp, porém, continuam reservadas as três cidades, com oito vagas cada. O não- preenchimento das mesmas causa prejuízo ao aluno, mas pode gerar lucro à instituição que recebe isenção fiscal do governo para disponibilizar cursos gratuitos a bolsistas.

A assessoria de comunicação do MEC (Ministério da Educação) contesta e diz que toda universidade que participa do programa é obrigada a passar por um processo de fiscalização semestral. O MEC garante que exige uma prestação de contas oficial para a manutenção das facilidades legais. As intituições devem confirmar que os alunos contemplados participam regularmente das aulas e mantém bom desempenho acadêmico.

O cancelamento das turmas da Uniderp deve ocasionar o fim ou a diminuição das isenções. A grande questão, porém, está na forma como as instituições de ensino espalhadas pelo país utilizam os benefícios criados para aumentar o número de universitários no Brasil. Isso porque qualquer candidato da região sabe que a Uniderp ou mesmo a Unopar não têm tradição no Grande ABC.

O critério do governo parece pouco exigente: para participar do Prouni, a instituição não pode ter dívida com a União nem contar com três reprovações consecutivas na classificação do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). O conteúdo pedagógico e a qualidade do ensino não são levados em conta, muito menos se os tais cursos à distância têm boa aceitação na região onde estão conectados.

Apesar disso, o coordenador da Unopar em São Bernardo, Gilberto Savordelli, justifica a importância das bolsas oferecidas em função das características dos alunos. “A maioria dos nossos universitários não têm tempo para freqüentar um curso regular. Os estudantes têm mais de 30 anos e famílias para sustentar, por isso, apesar da mensalidade mais baixa – em torno de R$ 250 –, precisam de incentivos para continuar”, diz.

Os cursos da Unopar não têm previsão de existir de fato em Diadema, onde a primeira seleção contou apenas com 15 inscritos. A univesidade informou que uma turma só é aberta com o mínimo de 20 alunos. Com a baixa procura, 26 vagas serão canceladas na cidade que mais necessita de instituições de ensino superior na região. Apesar de ser bastante populosa, Diadema conta somente com faculdades, enquanto aguarda a abertura do campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A situação é melhor em São Bernardo e Santo André, onde a Universidade do Norte Paraná já conta com alunos matriculados. A coordenadora-geral do Prouni na Unopar, Carmem Kmott, diz que a pouca procura em Diadema surpreendeu a instituição, que esperava mais candidatos.

"Se nenhuma turma for formada, teremos de cancelar essas bolsas ou adiá-las para o semestre seguinte”, afirma. A incerteza resulta em um défcit de vagas que deve ser perdido em definitivo. As bolsas poderiam ser negociadas com instituições mais confiáveis.




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