Um tiroteio na tarde de sexta-feira na rua Frei Gaspar, no Centro de São Bernardo, resultou na morte de duas pessoas, deixou uma terceira ferida, além de ter gerado tumulto e interrompido o trânsito. A polícia não suspeita do que possa ter motivado o crime, mas segue em princípio duas linhas de investigação. A principal seria a de tentativa de roubo. No entanto, não descarta a possibilidade de uma execução, já que as vítimas fatais eram pai e filho, embora o sobrevivente não tenha qualquer vínculo familiar com os mortos. Os dois homens apontados como autores dos disparos fugiram. A única pista da polícia é a fita do circuito interno de um prédio por onde os criminosos teriam passado durante a fuga.
O crime ocorreu por volta das 14h. Segundo testemunhas, dois homens em uma moto teriam se aproximado do Marea verde ocupado pelas três vítimas e começado a atirar. No carro, estavam o motorista Sérgio Luiz de Almeida, 38 anos, seu filho, Alexandre Queirós de Almeida, 19, e o corretor de imóveis J.P., 57. Todos são moradores da Baixada Santista.
Os tiros teriam sido disparados pelo homem que ocupava a garupa da moto. “Foram muitos tiros. Quando sai para ver o que estava acontecendo, o povo corria pela rua”, conta um comerciante que não quis ser identificado. Além da movimentação dos pedestres, a testemunha conta ainda que chegou a ver uma das vítimas baleada correr pela via sentido rua Marechal Deodoro. “Os motoqueiros foram atrás e voltaram a atirar.”
A essa altura, o rapaz Alexandre Queirós estava morto no interior do carro e o corretor J.P. correu para a portaria de um prédio em frente. Quando a polícia chegou ao local, pai e filho estavam mortos. O sobrevivente, baleado no ombro, foi encaminhado ao Pronto-Socorro Municipal. No início da noite de sexta-feira, ele foi prestar depoimento, mas depois voltou ao hospital para que o atendimento médico fosse concluído.
Na delegacia, J.P. disse que os homens da moto anunciaram o assalto e começaram a atirar quando ele reagiu. O corretor de imóveis disse ainda que estava no carro como carona. “Ele afirma não ter relação com as outras vítimas. Diz que apenas os conhecia lá da praia e que conseguiu a carona para vir para a casa da prima, em Cotia”, explica a delegada da Homicídios, Kátia Cristófaro.
A família do sobrevivente também afirmou não conhecer a dupla assassinada. “Ele mora sozinho na praia e vem regularmente para a minha casa”, disse a prima. P. é separado, tem três filhos e um neto. “Pelo que nos falou agora, ele conheceu pai e filho numa transação na imobiliária e acabou conseguindo a carona.”
P., de acordo com a delegada responsável pela investigação do duplo homicídio, disse não ter condições de reconhecer os criminosos e tampouco fornecer informações para que seja elaborado retrato falado. “Mas ele está dopado por causa dos remédios e só conseguiremos informações mais precisas quando ele estiver recuperado”, afirma Kátia que por conta do depoimento da testemunha sobrevivente acabou obrigada a mudar a linha de investigação.
No local do crime, durante a tarde, as evidências periciais levavam a delegada a estudar outras hipóteses que não a de tentativa de roubo. “Mas agora temos a informação de que o assalto foi anunciado. Será a primeira linha seguida por nós, mas não descartaremos outras possibilidades.” Até o início da noite de sexta-feira, Kátia ainda não havia assistido à fita do circuito interno de um prédio próximo ao local do tiroteio para informar se há imagens da dupla da moto, apontada como autora dos disparos.
Dificuldade – Os policiais que atenderam à ocorrência no Centro de São Bernardo sexta-feira a tarde tiveram dificuldade para localizar a família do pai e filho mortos. O Marea usado na viagem não está no nome das vítimas e a polícia não divulgou o nome do proprietário que aparece no documento. O carro, porém, não tem queixa de roubo.
Foi somente por volta das 18h30 que os investigadores conseguiram localizar a mulher do motorista morto. “Não contamos que ele e o filho estão mortos”, explicou um dos policiais. A mulher foi orientada pela polícia a procurar uma delegacia da Praia Grande e deve chegar ao Grande ABC apenas na segunda-feira. Além de Alexandre, 19 anos, o casal tem outros três filhos menores. As primeiras informações conseguidas pela polícia dão conta ainda de que se trata de uma família de pequeno poder aquisitivo.