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Tecnologia de ponta pode limpar a água da Billings
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
21/03/2007 | 07:00
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A água da Billings tem salvação. Apesar da quantidade de esgoto que é despejada diariamente na represa, há mais de 60 anos, especialistas garantem que existem processos eficazes que conseguem transformar o lixo em produto potável.


Mas para alcançar meta tão ousada, é preciso investimento pesado em tecnologia e, é claro, considerar que num cenário futuro, os municípios, em parceria com o Estado, adotarão políticas públicas capazes de conter o avanço populacional nas áreas de manancial.


Diante dessa nova realidade, com consciência ambiental, a natureza ficaria encarregada de fazer o trabalho de limpeza da água praticamente sozinha. “Os microorganismos existentes na represa conseguiriam oxidar os materiais provenientes do esgoto e recuperar a Billings. É claro que isso demanda tempo, não acontece de uma hora para outra, mas é possível”, diz o professor de saúde ambiental da USP José Luiz Negrão Mucci.


O processo de autodepuração, porém, pode ser acelerado com técnicas químicas associadas. A mais simples consiste em injetar oxigênio. De acordo com o professor do Instituto de Química da USP Renato Sanches Freire, o método funciona como uma espécie de alimento extra.


“As bactérias e fungos, por exemplo, já trabalham na oxidação de matéria orgânica, mas, para isso, precisam consumir oxigênio e em excesso”, diz.


Qualquer intervenção, porém, deve levar em consideração o tamanho da represa. A Billings possui 900 quilômetros de margens e, por isso, necessita de ações direcionadas. Mesmo raros, há braços preservados, que não requer investimentos, só conservação. Outros, no entanto, devem participar de projetos com urgência.

Áreas densamente ocupadas, como a região do Alvarenga, em São Bernardo, e o bairro Eldorado, em Diadema, requer técnicas mais rápidas e, também, caras. Os processos de eletrodiálise e ozonização seriam opções.


“Há, ainda, a flotação, mais comum, que utiliza microbolhas que são absorvidas pelos materiais sólidos. Depois que flutuam, podem ser retiradas da água”, explica o professor de Engenharia Química da FEI Geraldo Fontana.


Todos os especialistas reforçam, porém, que as técnicas de despoluição só funcionam em conjunto com métodos de captação do esgoto a serem desenvolvidas pelo poder público. “Você sabia que no espaço os astronautas reutilizam a urina através da eletrodiálise heterogênea? A equipe leva um equipamento que consegue transformar o esgoto caseiro em água potável. No futuro, essa pode ser a nossa realidade também”, prevê Mucci.


A indagação é pertinente em um planeta onde menos de 1% da água está disponível para consumo humano. 




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