Economia Titulo Finanças pessoais
Pesquisa aponta que 68% vão gastar o 13º com dívidas

No ano passado, o percentual era de 62%;
cenário econômico ruim impulsiona evolução

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
06/11/2014 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O percentual de consumidores no País que pretendem usar o 13º salário para pagar dívidas já assumidas aumentou de 62%, em 2013, para 68% neste ano. O cenário econômico em desaceleração, a insegurança em relação ao emprego, o aumento de juros e a inadimplência são os principais motivos para a mudança de comportamento.

Os dados são de pesquisa publicada ontem pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). A entidade entrevistou 1.013 de todas as classes de consumo pelo País.

A auxiliar administrativa Bianca Pasquin Santa, 21 anos, se encaixa no grupo. Ela se enrolou financeiramente e teve que antecipar parte do seu 13º para liquidar dívidas de documentação do carro.

“Eu tinha outras dívidas do outro ano. Fui pagando e aquelas do carro ficaram para depois”, lembrou Bianca. Foram R$ 900, antecipados sem juros diretamente com o patrão, para liquidar débitos como o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), o seguro DPVAT e multas por atrasos no pagamento.

“Esse comportamento é por causa do momento econômico que estamos vivenciando. Os juros estão subindo. No caso do (mercado de trabalho do) Grande ABC, por exemplo, a questão (receio) do desemprego, assim as pessoas estão com mais dificuldade, muito endividadas”, explicou o diretor executivo de estudos financeiros da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.

Coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio entende que o aumento da inadimplência dos consumidores, que, segundo o Serasa, subiu 19,5% na comparação entre setembro de 2013 e o mesmo mês de 2014, influenciou no aumento do percentual de brasileiros que vão utilizar o 13º para pagar dívidas. A maioria, com financeiras e cartão de crédito.

“Também há o encarecimento do carregamento das dívidas”, destacou Maskio, se referindo ao fato de que as pessoas passam a carregar os débitos por mais tempo do que deveriam gera alta nos juros e deixa as contas bem mais pesadas ao bolso.

Isso tudo, levando em consideração que as famílias, em média, têm 45% da renda comprometidas com o Sistema Financeiro Nacional, conforme dados do BC (Banco Central) referentes a agosto. Na média entre janeiro e oitavo mês dos anos anteriores, em 2013 eram 44%, em 2012, 42%, em 2011, 40%, e em 2010, 37%.

Para Oliveira, o caminho mais correto para quem está endividado é, realmente, utilizar o 13º para liquidar as dívidas, guardar parte para débitos de carro, educação e moradia do começo de 2014 e, se sobrar, consumir. 




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