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Chácara Colúmbia

Construtora busca saída para erguer prédios na área, que aguarda parecer sobre tombamento

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
04/08/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A MZM Construtora, que pretende erguer condomínio residencial e comercial no terreno da antiga Chácara Colúmbia, na Vila Vivaldi, em São Bernardo, se diz disposta a dialogar e até mesmo repensar a decisão caso seja confirmado o tombamento da área. O presidente da empresa, Francisco Diogo Magnani, fez convite aos integrantes do Movimento em Defesa do Tombamento e Desapropriação da Chácara Colúmbia e à Prefeitura para que debatam juntos o que fazer a respeito do terreno de 1.500 metros quadrados, que inclui diversas árvores, remanescentes de um casarão da década de 1950, além de possível sítio arqueológico com restos cerâmicos, carvão, conchas e fragmentos de louça ou porcelana.

Segundo Magnani, a construtora ainda não adquiriu a propriedade, mas fez um compromisso de compra e venda. “No fim do ano passado, vimos que o tombamento provisório havia prescrito judicialmente, e então procuramos os proprietários e fizemos esse acordo. Porém, a assinatura foi feita com uma série de restrições, que nos permite voltar atrás caso não seja possível viabilizar o projeto.”

O presidente da empresa diz ter participado de reunião do Compahc-SBC (Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo) para tentar entender o que precisa ser preservado na chácara. “Não ficou claro o que tem valor ali: se é o sítio arqueológico, se é o casarão, que está totalmente abandonado e destruído, ou se é a área verde. A meu ver, o meio ambiente é o que pesa mais para o movimento.”

Pensando nisso, Magnani acredita ser possível fazer um acordo no qual a construtora possa erguer as torres e preservar a área verde. “Seria algo melhor do que hoje se encontra ali, que é uma situação de total abandono e um terreno enorme numa área nobre sem qualquer tipo de uso.”

O empresário está disposto a preservar parte da estrutura do casarão, como a construtora faz em projeto no bairro Taboão, em Diadema. A Casa de Pedra de Alfredo Bernardo Leite será preservada e utilizada como salão de festas do condomínio.

TOMBAMENTO

De acordo com o secretário de Cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto, a empresa Pindorama Arquitetura finalizou o trabalho de aprofundamento das informações e definição de diretrizes e grau de preservação dos bens da chácara. Agora, o relatório será avaliado pelo Compahc-SBC, que definirá o grau de preservação da área: total, parcial ou nenhum.

Neto destaca ainda que hoje não há qualquer previsão de desapropriação da área para se fazer um parque, como pede o movimento popular. “Acreditamos que a construtora será capaz de apresentar um projeto que preserve o que for necessário, mas também dê uso à área. Lembrando que o tombamento não deve ser algo que engessa, mas sim algo que integra e protege o bem dentro do contexto atual em que vivemos.”

O secretário cita como exemplo a Casa do Comissário do Café, na Vila Gonçalves, que está localizada em área particular e foi integrada a condomínio como área de convivência. A visitação é feita por meio de agendamento. Outro exemplo na cidade é a Chaminé da Pery Rochetti, que fica no terreno de um supermercado.

A preocupação da professora Alessandra Fahl, 34 anos e integrante do movimento, é que a proposta de intervenção feita desta forma não contemplaria a questão arqueológica. “Se realmente houver um sítio ali, o trabalho pode levar meses. Não podemos soterrar essa história assim. Além disso, a proposta de área verde seria de uso particular e não contemplaria os moradores do bairro”, protesta.
 

Rosa Mística dará lugar a condomínio de casas de alto padrão

Já para o Clube Rosa Mística, no bairro Demarchi, também em São Bernardo, os planos da MZM são mais ambiciosos. Para o presidente da empresa, Francisco Diogo Magnani, o fato de estar encravada em região de mananciais da Represa Billings faz com que a área seja ainda mais valorizada. “Não acho que seja um empecilho. Nossa proposta é construir condomínio sustentável com casas de alto padrão.”

O terreno de 313 mil metros quadrados foi adquirido da entidade religiosa São Camilo em 2008, mas apenas agora teve a documentação regularizada em cartório e a propriedade passou, de fato, para as mãos da construtora. “A ideia é ocupar 60 mil metros quadrados, que é a parte que podemos. O restante é área de preservação, conforme a Lei Específica da Billings, que julgamos muito positiva para nosso empreendimento.”

Os lotes terão 500 metros quadrados, conforme o projeto preliminar. A construtora estuda parceria com empresa da Capital para o empreendimento, que também inclui a revitalização de toda a extensão de dois quilômetros da Avenida Ângelo Demarchi, que hoje tem apenas parte asfaltada e serve para descarte de carros roubados e até corpos. “Faremos arborização, paisagismo, asfalto, calçada e até mesmo um portal de entrada”, destaca Magnani.

Para viabilizar o projeto, a empreiteira está disposta a construir estação de tratamento de esgoto exclusiva para o condomínio.

Sobre as cerca de 30 moradias que ocupam trecho da via, o presidente afirma que buscará negociar. “Se forem proprietários ou tiverem usucapião, contornamos as casas. Mas se estiverem ali irregularmente, buscaremos nossos direitos para removê-los.” 




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