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Homem ameaça se jogar de torre
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
01/02/2006 | 07:27
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Angustiado por não conseguir visitar a mãe em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) e por se considerar incapaz de criar os quatro filhos, o desempregado e morador de rua Alexandre Cardoso, de 28 anos, escalou nesta terça uma torre de alta tensão de 25 metros de altura na avenida Dr. Cesário Bastos, na Vila Bastos, em Santo André, e ameaçou cometer o suicídio. Permaneceu cerca de uma hora agarrado à armação metálica da torre, das 19h às 20h. Um público de 50 a 60 pessoas, entre vizinhos e pedestres, acompanharam da calçada o desenrolar do caso e tentaram convencer Alexandre a desistir de pular ou morrer eletrocutado. Mas foram os bombeiros que fizeram o desempregado descer, na base da conversa e em uma ação rápida de imobilização.

Quando subiu, o morador de rua alcançou o topo da torre, e por várias vezes ameaçou colocar as mãos nos fios de alta tensão. Moradores de um prédio de seis andares assistiram à cena da janela dos apartamentos e, a cada vez que Alexandre queria tocar os fios, gritavam para ele não fazer isso.

Segundo os bombeiros, é a segunda vez que Alexandre tenta se matar usando a mesma torre. A primeira foi no domingo. O sargento Guimarães, do Corpo de Bombeiros de Santo André, foi quem estabeleceu diálogo com Alexandre, quando ele estava no topo da torre. “Usei como argumento o que já sabia da vida dele desde a primeira vez que tentou se matar. Prometi a ele que, se descesse, iríamos levá-lo até a casa da mãe dele”, disse o sargento Guimarães.

Para quem acompanhava da rua, não era possível ouvir claramente as palavras do desempregado. Lá do alto, ele repetia que iria pular, que ia morrer. Após 45 minutos de expectativa, começou a descer lentamente. Em alguns momentos, parecia querer voltar para o topo. Quando estava pouco abaixo da metade da torre, dois bombeiros escalaram rapidamente a base da torre e imobilizaram Alexandre, que não reagiu à atitude dos bombeiros.

Por cerca de 15 minutos, os bombeiros conversaram com o desempregado, agarrados nele. Com cordas especiais, amarraram o corpo de Alexandre para protegê-lo de qualquer acidente. Desceram lentamente. Depois, tiveram de pular o muro do terreno baldio onde fica a torre. “Ele teve sorte de não levar um choque dos fios”, comentou um bombeiro que dava apoio à ação. Alexandre foi levado por um carro do Resgate ao Centro Hospitalar.

O tenente Drigo, que chefiou a ação, afirmou que o morador de rua usa crack e estava drogado. Seis viaturas dos Bombeiros e da Polícia Militar bloquearam o trânsito na avenida. Quase toda a vizinhança já conhecia Alexandre. Os moradores dizem que ele vive vagando pelo bairro ou deitado na praça Presidente Kennedy, que fica a um quarteirão da torre. Pede esmolas de dia e nem sempre se identifica como Alexandre.

“Tem dia que ele se apresenta como Alexandre, mas em outros ele inventa nomes. Você vai ver, daqui a três dias ele vai estar aqui de novo, na mesma situação”, disse um morador. “Na primeira vez que ele tentou se matar, não subiu até o topo”, observou a vizinha Maíra Silva, estudante de 20 anos.




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