Política Titulo Santo André
Paulo Serra toma posse com herança de R$ 257 mi em dívidas

Prefeito fará congelamento do passivo
para renegociação e pente-fino em contratos

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
02/01/2017 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Em solenidade formalizada ontem na Câmara, o ex-vereador Paulo Serra (PSDB) tomou posse do cargo de prefeito de Santo André ciente de que, em meio à crise econômica, herdará dívida da ordem de R$ 257,6 milhões – sem contabilizar precatórios e pendências junto à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) – relacionada a fornecedores diretos. O valor foi deixado pelo governo do agora ex-prefeito Carlos Grana (PT). O passivo refere-se, segundo a equipe de transição, a R$ 224,3 milhões em restos a pagar consolidados de serviços e mais R$ 33,2 milhões em débitos já assumidos pela administração petista, mas não liquidados.

Na tentativa de normalizar o deficit financeiro do Paço, Paulo Serra reiterou, após receber bastão de Grana na cerimônia de transmissão do posto, em ato no Teatro Municipal, compromisso de publicar a partir de hoje pacote de decretos norteando medidas de austeridade, além da criação de duas comissões, atreladas à Pasta de Finanças, objetivando a análise de contratos e renegociação de dívidas. “Vamos dar exemplo, cortar na carne. Será mudança de postura na forma de gestão, devolver carros oficiais, celulares (corporativos), combater o desperdício do dinheiro público, reduzir número de secretarias (de 19 para 14) e de cargos comissionados (congelar 40%).”

Seis decretos foram preparados para o primeiro dia útil. Entre os principais procedimentos, nomear teto de 290 postos em confiança e congelamento do passivo – o último ajuste foi implantado por José Serra (PSDB), na Capital, em 2005. O plano do tucano prevê a partir do término do prazo de 90 dias iniciar processo de renegociação da dívida (os R$ 257 milhões) com credores. Neste hiato, fazer pente-fino dos convênios. “Faremos auditoria interna. Não é caça às bruxas, só busca por eficiência. Retomaremos fluxo de caixa. Março pagar fevereiro. É desafio dos 100 dias: voltar a pagar em dia.”

O tucano pontuou que a suspensão do pagamento da dívida servirá, principalmente, para colocar a cidade para funcionar a partir de hoje. “Além do passivo, operacionalmente, se não enxugar, a Prefeitura não arrecada o que gasta. Tem negativo mensal que precisamos equalizar”, disse Paulo, mencionando que entre os grandes credores do Paço está empresa que faz a zeladoria da cidade. “São mais de 14 meses (de atraso). Chamaremos para montar força-tarefa. Colocaremos a casa em ordem e, quitando em dia, os serviços começarão a ser prestados com qualidade.”

O programa de contenção da máquina estipula queda de despesas de, pelo menos, R$ 10 milhões ao mês. O impacto projetado por Paulo Serra somente com corte de cargos em comissão e de funções gratificadas “têm número inicial de R$ 40 milhões ao ano de economia”. No discurso de posse, o tucano falou que a população “não deve esperar prefeito populista”. “Podem esperar um gestor. Não dá para fazer igual se queremos resultado diferente. Resgataremos valores de ética e honestidade.”

Grana fez breve discurso durante o evento. O petista falou por dois minutos, antes da nomeação dos novos secretários. Agradeceu a oportunidade de incluir em sua trajetória ser prefeito e desejou “muito sucesso” ao sucessor no Paço. “Desafio é enorme. Fizemos transição mais respeitosa possível para cada secretário ao assumir suas funções (saber as condições e) conseguir dar o melhor.”

Por prioridades, tucano cita caminhada em comunidades

Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André, avisou que vai ouvir a comunidade do Sítio dos Vianas para saber o que os moradores querem sobre a USF (Unidade de Saúde da Família) do bairro, que está abandonada e é palco de usuários de drogas.

“Eu pretendo ouvir a comunidade para dar destinação (adequada) àquele equipamento. Está no meio de praça central. Já foi tentativa de transformar Unidade de Saúde da Família, centro comunitário, cultural não deu certo. Tem que decidir junto com a população. Eles sabem o que é melhor. Se for a demanda da Saúde, podemos pensar em equipamento da área. Não tem tamanho para ser grande UBS (Unidade Básica de Saúde), é relativamente pequeno. Vamos discutir com a comunidade”, declarou o tucano.

O Diário mostrou ontem a história de Mileide Aguiar dos Santos, 34 anos, e Evandro Alves Lavarias, 33, moradores do Sítio dos Vianas. Além das condições precárias de moradia e emprego, o casal reclamou da falta de equipamentos de Saúde para atender aos filhos Kaue, 12, Aidan, 15, e Larissa, 17, além do neto Kaua, 1 ano e 4 meses.

“Saúde de forma geral precisa de gestão. Ana Paula (Peña Dias, futura titular de Saúde) é extremamente competente. Precisamos colocar na era digital. Não dá para admitir que farmácia de bairro tem controle de estoque e Prefeitura, não”, disse Paulo. 




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