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‘Espanglês’ se perde no clichê
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
04/03/2005 | 13:52
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Falado por mais de 40 milhões de pessoas, o hibridismo Spanglish, uma mistura de Spanish e English (espanhol e inglês), serve de nome e mote para o novo filme de James L. Brooks, o mesmo de Melhor é Impossível e Laços de Ternura. Batizado no Brasil de Espanglês, o longa chega nesta sexta-feira ao circuito nacional (duas salas na região) com uma trama recheada de lugares comuns, mas que discute um tema sempre pertinente: as diferenças entre culturas e valores.

A história começa quando Flor, a belíssima Paz Vega, de Fale com Ela, se vê quase sem dinheiro e com poucas opções para criar sua filha Cristina (Shelbie Bruce) e decide imigrar ilegalmente para os Estados Unidos. Em busca de uma vida melhor, ela se estabelece numa comunidade de latinos em Los Angeles, de onde nunca sai.

Tudo muda quando Flor consegue um emprego na casa dos Clasky, uma excêntrica família norte-americana. Contratada para ser uma espécie de faz-tudo, Flor consegue se integrar à rotina da casa mesmo não falando nenhuma palavra em inglês. Lá, ela convive com o gourmet John, Adam Sandler no primeiro papel em que convence ao deixar de lado o estilo adolescente, e a divertida Deborah (Téa Leoni), um casal que passa por sérios problemas no casamento. Moram na casa ainda seus filhos Bernice (Sarah Steele) e Georgie (Ian Hyland) e a mãe de Deborah, Evelyn (Cloris Leachman).

Com o tempo, Flor aprende a observar silenciosamente o comportamento de seus patrões até que é arrastada para dentro da vida dos membros da família, o que resulta em um envolvimento que lhe permite até tentar ajudar Bernice com seus problemas de peso. Quanto mais se envolve com os Clasky, mais latentes ficam as contradições existentes entre a cultura mexicana e norte-americana.

As coisas começam a mudar quando a família aluga uma casa de praia em Malibu, onde pretende passar o verão. Como não é possível chegar ao local de ônibus, o meio de transporte utilizado por Flor, Deborah decide que a empregada terá que morar com eles. A mexicana se vê então obrigada a contar que tem uma filha. Deborah ordena que Cristina, filha de Flor, passe a morar com eles também.

Quando chega na bela casa de praia o chefe da família Clasky também passa por momentos complicados. Aos poucos, empregada e patrão se apoiam e  uma grande e inevitável atração nasce entre eles.

Em quase duas horas de projeção, o filme de Brooks tem algumas boas sacadas de humor, mas com o tempo elas vão ficando cada vez mais espaçadas e a comédia dá lugar ao drama de uma mãe prestes a perder a filha para a promessa de uma vida melhor. A discussão da imigração ilegal também só fica nas bordas e o pior, mais uma vez Hollywood personifica o imigrante ilegal como uma bela morena, capaz de enlouquecer o homem norte-americano, mas incapaz de ocupar outro papel a não ser o da empregada.



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