Política Titulo Saneamento Básico
Retomada sindicância na Sama

Após rompimento com Atila Jacomussi, prefeito de Mauá, Donisete Braga, reforça investigação sobre ligações clandestinas de água em troca de votos

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
03/05/2015 | 07:00
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O prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), reativou a composição da sindicância que investiga supostas ligações clandestinas para fornecimento de água promovidas pela Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) durante a administração do deputado estadual Atila Jacomussi (PCdoB). O petista e o comunista estavam alinhados politicamente até a semana retrasada, quando romperam relações, houve exoneração da antiga diretoria da autarquia, acompanhada de outros 40 comissionados, todos indicados pelo clã Jacomussi, e o parlamentar reforçou movimentação para disputar o Paço em 2016 contra o projeto de reeleição do petismo.

Segundo a portaria 10.679/2015, a sindicância passa a ser presidida por José Manuel de Lira, Flávia Silva Marques de vice e Adriano Paciente Gonçalves na condição de integrante – todos esses representam a Pasta de Assuntos Jurídicos. Integram o grupo na cota da Secretaria de Planejamento Urbano Hugo Lopes Tavares, Temístocles Cardoso Cristófaro e Selma Scarambone. Foram indicados pelo setor de Habitação Marcos dos Santos Panini, Neusa Alves de Oliveira e Joyce de Farias Zanon.

A indicação de Donisete demonstra escolha de nomes de confiança e alinhados ao PT. O principal cargo da apuração contra o potencial adversário na eleição de 2016, por exemplo, é ocupado por Lira, que foi ouvidor na gestão de Oswaldo Dias (PT) e já comandou o Procon na cidade. Cristófaro é filiado ao PT e foi secretário de Meio Ambiente em Ribeirão Pires, na administração de Clóvis Volpi (PTB). Panini também compõe o quadro partidário petista e chefiou o setor de Habitação até o ano passado.

Reportagem do Diário, de março de 2014, trouxe depoimentos de moradores da Viela Kossap, no Jardim Itapeva, que relataram terem participado de reunião com Atila em que o comunista prometeu fornecimento de água gratuito – o local é fruto de ocupação e não poderia ter o fornecimento de forma legal – se eles depositassem o voto à sua tentativa de eleição para a Assembleia Legislativa em outubro do mesmo ano. Após firmarem o compromisso eleitoral, os residentes do local receberam funcionários da Sama, que instalaram cavaletes sem hidrômetros.

Depois da denúncia do Diário, o Ministério Público de Mauá instaurou inquérito para apurar o caso. A própria Sama abriu sindicância interna sobre o fato. Os trabalhos foram presididos por Israel Aleixo de Melo, que foi assessor de Atila quando vereador e hoje como deputado estadual, e apontaram que a culpa era dos moradores, que teriam feito as ligações de forma comunitária.

A antiga Arsae (Agência Reguladora de Serviços de Água e Esgoto) – hoje se chama Arsep (Agência de Regulação dos Serviços Públicos) – também instaurou apuração sobre as ligações ilegais, mas os trabalhos não avançaram.

Exonerações foram um verdadeiro genocídio político, diz comunista

O deputado estadual Atila Jacomussi (PCdoB) classificou como “genocídio político” a atitude do prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), de demitir todos seus aliados da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), iniciando processo de rompimento da parceria política firmada no segundo turno da eleição de 2012.

“Existiu um pacto, um acordo, para comandarmos a Sama por quatro anos, mas o prefeito, de maneira unilateral, decidiu que era melhor romper. O Donisete cometeu um verdadeiro genocídio político ao exonerar mais de 40 pessoas da Sama, entre ele vários pais de família. Mas espero que ele tenha sorte na condução da sua administração e que o povo de Mauá não seja prejudicado”, comparou o deputado.

Candidato ao Paço pelo PPS no primeiro turno, Atila passou a apoiar Donisete ainda na eleição de 2012, na etapa final do pleito. Depois de ficar na terceira colocação, o comunista engrossou a campanha do PT contra a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB). Em troca, o clã Jacomussi assumiria a chefia da Sama até 2016.

Entretanto, a dupla passou quase um mês em intensas reuniões para que Atila antecipasse apoio ao projeto de reeleição de Donisete no pleito de 2016. Sem uma resposta concreta do comunista, que tentou postergar seu posicionamento, os petistas identificaram movimentação para que o deputado também dispute o Paço no ano que vem. 




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