Setecidades Titulo Explosão
Vizinhos da Di-All estão sem indenização
Por Bruna Gonçalves e Evandro Enoshita
21/03/2010 | 07:06
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Um ano após a explosão da Di-All, o aposentado Wellington Duarte Silva, 65 anos, e seus vizinhos, ainda não têm certeza de quando serão indenizados pelos danos causados pelo incêndio no galpão do Jardim Ruyce. Eles precisam aguardar a liberação dos bens da empresa pela Justiça.

Essa explicação é da defensora pública Maria Coraci Diniz, que representou as famílias na Câmara de Indenização - formada no ano passado para firmar acordos entre as famílias afetadas e a Di-All. Segundo ela, somente quando tiver seus bens desimpedidos, a empresa poderá arcar com a reforma das casas danificadas e com o pagamento das indenizações.

O advogado da Di-All, Rubem Seidl afirmou que já entrou com pedido para a liberação dos bens da empresa, mas ainda não há previsão para que isso aconteça. "Estou brigando por esse desbloqueio há mais de seis meses, sem resposta. Esse é um retrato da morosidade da Justiça", comentou.

Segundo ele, a empresa não está se negando a pagar as vítimas afetadas pelo acidente mas, atualmente, os donos da Di-All não têm recursos financeiros suficientes para isso. "Eles (os donos da empresa), também são vítimas. Estão em uma situação extremamente ruim. Mas, se os bens forem desbloqueados, depois de três dias será iniciado o pagamento das indenizações e a reforma das casas, conforme o acordo firmado com as famílias", garantiu Seidl.

Justiça - O bloqueio dos bens dos donos da Di-All foi pedido pelo Ministério Público à Justiça, em abril do ano passado, quando foi proposta ação civil pública contra a empresa por danos ambientais. Caso não seja acatado o pedido do advogado, os recursos somente serão liberados após o julgamento da ação, o que pode ocorrer ainda neste mês, quando a juíza da 3ª Vara Cível de Diadema, Cíntia Adas Abib, deve dar a sentença sobre o caso.

Ficaram bloqueados os bens dos sócios da empresa, Rogério Lopes da Silva e José Maria Maranhão, e da mulher deste, Eliana dos Santos. As propriedades do dono do galpão, Tsuneo Honji também chegaram a ficar indisponíveis na ocasião, mas foram liberadas em dezembro.

Caso é citado em conferência internacional
O acidente da Di-All Química foi discutido na Conferência Latino-Americana e Caribenha sobre Segurança Química, realizada entre os dias 7 e 13 na Jamaica.

O engenheiro de segurança do trabalho e assessor do Sindicato dos Químicos do ABC Nilton Freitas levou o caso para o evento como exemplo do desafio que representam pequenas e médias empresas para as autoridades públicas, em relação ao perigo dos produtos químicos. "A falta de acesso a novas tecnologias mais seguras e a falta de qualificação e conhecimento especializado representam as principais dificuldades das empresas em relação ao manuseio de produtos químicos", explicou o engenheiro.

Segundo Freitas, o caso da Di-All se encaixa na categoria de acidentes químicos ampliados. "Consequências como calor e fumaça do incêndio, a possível contaminação da água e o impacto social devido ao trauma do acidente, tudo isso caracteriza o acidente como químico ampliado. Ou seja, o acidente é inserido nessa categoria quando afeta quem trabalha no local, a população do entorno e o meio ambiente. Esses componentes estiveram evidentes no acidente."

Imobiliárias registram desvalorização no Jardim Ruyce
Após um ano do acidente, não são apenas os moradores que contabilizam os prejuízos. O Diário entrou em contato com algumas imobiliárias da cidade perguntando como estão as vendas na região do Jardim Ruyce e as respostas confirmam que houve desvalorização e baixa procura.

Consultor de uma imobiliária do Jardim Santa Rita, José Manuel Vieira de Medonça disse que o valor dos imóveis caiu 30% na região."Se o imóvel custava R$ 100 mil, agora o preço médio é de R$ 70 mil", disse Medonça, que há 30 anos trabalha no ramo.

Ele explica que as pessoas se recordam facilmente do acidente. " Se souberem que a residência fica próxima ao local, logo rejeitam o negócio."

O consultor Vasco Vasconcellos, de uma imobiliária do Centro, explicou que quem procura a empresa em busca de um imóvel nem pergunta pela região. "Mesmo após um ano do acidente a desvalorização é grande. Hoje em dia muitos não querem morar em uma zona mista (região que permite residências e indústrias)", completou.




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