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A grande festa do cinema
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24/09/2009 | 07:00
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Começa sob o signo da era de Aquário - paz e amor, bróder - e termina com a revisão histórica de Quentin Tarantino. Você é do time que sempre achou que Adolf Hitler morreu no bunker, em Berlim? Engana-se - o fuhrer foi despachado desta para o inferno que merecia, a tiros, pelo sargento Aldo Raine, isto é, Brad Pitt, pelo menos é o que propõe a mais eletrizante aventura de guerra do cinema atual.

Entre esses dois extremos, Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee, hoje à noite, e Inglórios Bastardos, de Tarantino, dia 8, o "Festival do Rio" edição de 2009 promete a melhor Première Brasil da sua história e traz convidados para ninguém botar defeito, desde o próprio Tarantino, convidado para encerrar a festa, até Jeanne Moreau, que receberá uma homenagem especial no Ano da França no Brasil.

Do ponto de vista organizacional, a Cima, que realiza o festival, comemora o retorno da Prefeitura do Rio, que não apenas comparece com dinheiro como apoia de diversas formas o evento que deve transformar o Rio, nas próximas duas semanas, na capital do cinema - no Brasil e no mundo.

Revistas norte-americanas consideram o Festival do Rio o maior evento de cinema da América do Sul. Há controvérsia, pelo menos em São Paulo, e logo em seguida, na segunda quinzena de outubro, estará começando aqui a "Mostra de Cinema", que este ano também terá atrações especiais.

Ang Lee e Tarantino são apenas dois dos grandes diretores cujos filmes virão para o Rio. Os outros grandes diretores? Alguém falou Pedro Almodóvar? Abraços Partidos estará no Panorama. Sam Mendes, Elia Suleiman, Marco Bellocchio, Alain Resnais? Distante Nós Vamos, The Time that Remains, Vincer e Les Herbes Folles também passam no Rio.

John Woo? Só perderá o deslumbrante "A Batalha dos Três Reinos" quem for maluco. Werner Herzog? Bad Lieutenant: Porto of Call New Orleans chega precedido das melhores referências.

São atrações para deixar cinéfilo com água na boca o novo Andrzej Wajda, "Tatarak"; o novo Raoul Ruiz, "A Casa Nucingen"; a nova Agnes Varda, "Les Plages d'Agnès"; e um Emir Kusturica que vai dar o que falar, defendendo, em Maradona by Kusturica, a tese, difícil de ser deglutida no Brasil, de que o argentino é o maior.

Michael Haneke ganhou a Palma de Ouro em Cannes com "The White Ribbon", e o filme passa. A atriz Isabelle Huppert, residente do júri que premiou o autor austríaco, também será homenageada com uma seleção de filmes, não exatamente os que o CineSesc, em São Paulo, também mostrou em seu louvor. A homenagem a Jeanne Moreau terá, além de títulos importantes, a presença de Cacá Diegues, que a dirigiu em um de seus mais belos filmes - Joanna Francesa.

Alguma coisa há de decepcionar, mas para um insatisfatório "Sede de Sangue", de Park Chan-wook, a própria "Coreia envia Mother (Mãe)", de Bong Joon-ho, que é dez.

Novidades israelenses? O novo "Amos Gitai", Carmel, que teve sua première no recente Festival de Toronto. A Première Latina não tem a importância da brasileira, que é, afinal, a menina dos olhos da diretora artística do evento, Ilda Santiago. Mas, atenção, se for preciso escolher apenas um filme da Première Latina, que seja Lake Tahoe, de Fernando Eimbke, que venceu o prêmio da crítica no Festival de Berlim do ano passado.

São centenas de filmes (de autores veteranos ou estreantes, não importa), mais de duas dezenas de pontos de exibição. E as mostras? Panorama, Première Brasil, Première Latina, Mundo Gay, Expectativa, Fronteiras, Geração, Pocket Filmes, Midnight, Meio Ambiente e até O Brasil do Outro, com seleção de filmes sobre como o País é visto lá fora.

Olheiros focam a Première Brasil

Olheiros de alguns dos mais importantes festivais do mundo participam do Festival do Rio e é claro que, para esses convidados especiais, o foco está na Première Brasil. Por falar em foco, o

11º Festival do Rio põe o foco na produção turca por meio de uma programação intitulada Imagens da Turquia, muito atraente. Mas a menina dos olhos é a Première Brasil, com suas mostras competitivas de curtas e de longas documentários e de ficção.

O conceito é o mesmo do restante da programação. A Première Brasil, buscando o

melhor, não discrimina veteranos nem novos talentos (ou mesmos estreantes). A todos prestigia.

Três concorrentes na categoria longa de ficção já foram testados em festivais da Europa e da América do Norte - Hotel Atlântico, de Suzana Amaral, encantou as plateias de Toronto, antes de aportar no Rio; Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, de Marcelo Gomes e Karin Aïnouz, cujo título de produção era Azul Turquesa, e Insolação, de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, integraram mostras paralelas de Veneza.

Olhos Azuis, de José Joffily, e Antes Que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo, concorreram - e foram premiados - em Paulínia. Não faltam atrações completamente inéditas. Com Os Inquilinos (Os Incomodados Que Se Mudem), Sérgio Bianchi leva sua nova provocação à Première Brasil. O subtítulo tem valor de advertência - Bianchi tem fama de incomodar, o que faz, e bem. Mesmo entre os incomodados, pouco se atrevem a negar as qualidades cinematográficas do autor.

Marco Ricca também mostra sua estreia como diretor, Cabeça a Prêmio, com a bela e talentosa Alice Braga. Outros títulos - Bellini e o Demônio, de Marcelo Galvão; Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos, de Paulo Halm; Sonhos Roubados, de Sandra Werneck; Natimorto, de Paulo Machline; e Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho, todos ficções.

A categoria documentário promete - Reidy, a Construção da Utopia, de Ana Maria Magalhães; Belair, de Noa Bressane e Bruno Safadi; Tamboro, de Sérgio Bernardes; À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel; e Sequestro, de Wolney Ayala. Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski, já foi premiado no É Tudo Verdade; e Alô Alô Terezinha, de Nelson Hoineff, ganhou o Cine PE.

Outra seção, com o sugestivo nome de Novos Rumos, contempla os jovens e há uma Première Brasil Música só com musicais, incluindo Rock Brasileiro - História em Imagens, de Bernardo Palmeiro. Toda essa farra de cinéfilos termina com a premiação dia 8, com direito a tapete vermelho, no Cine Odeon.




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