Setecidades Titulo Medicina alternativa
Técnica chinesa previne e alivia dores
Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
14/10/2012 | 07:00
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A longa escadaria que dá acesso ao Ginásio Poliesportivo da Vila Conceição, em Diadema, serve como aquecimento para os cerca de 20 alunos que frequentam desde 2010 as aulas de Lian Gong. A prática corporal foi trazida da medicina chinesa e auxilia na prevenção e tratamento de doenças crônicas. A atividade é oferecida gratuitamente pelas 20 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município mediante inscrição nos postos.

A técnica é ideal para quem sofre com dores de articulação oriundas da lombalgia, tendinite, fibromialgia, artrose e osteoporose. Além disso, problemas respiratórios como asma e bronquite também são atenuados com a prática regular do Lian Gong. Os primeiros resultados já podem ser vistos em período que varia entre três e quatro meses.

A atividade terapêutica, que chegou ao Brasil em 1987, favorece o equilíbrio energético, mental e hormonal do corpo. A maioria dos 400 moradores de Diadema que frequentam as aulas é mulher, acima dos 40 anos. "Os homens têm mais timidez", diz o coordenador do projeto, Carlos Bilharino Júnior. A prática é indicada para todas as idades, exceto às gestantes.

Os exercícios misturam artes marciais com técnicas chinesas como acupuntura e fitoterapia. Os movimentos são leves e exigem concentração, equilíbrio e postura. O fundo musical chinês e o desenvolvimento do vínculo terapêutico ajudam a tornar o ambiente calmo e propício para o equilíbrio mental.

Além dos benefícios corporais e aumento da disposição, os efeitos podem ser vistos na queda dos níveis de ansiedade e estresse. "É o que chamamos de prática holística. São exercícios que, além de trabalhar a parte física, trazem melhorias na qualidade do sono e até em quadros depressivos", explica o coordenador, que é fisioterapeuta e trabalha há dez anos com a atividade.

Quem faz uso regular de medicações contra dores pode ficar otimista. Segundo Bilharino Júnior, há relatos de pacientes que, aos poucos, reduzem ou até substituem uso de remédios. "Em alguns casos a melhora é completa. O mais comum é diminuir a ingestão de analgésicos e antiinflamatórios."

Os exercícios são ministrados duas vezes por semana em ginásios, praças e outros espaços públicos da cidade.

A duração é de uma hora. Apesar do ritmo pausado e da característica suave dos exercícios, trabalhados da cabeça aos pés, alguns alunos fazem pequenas pausas para se hidratar e relaxar o corpo. Aos praticantes mais assíduos, os exercícios podem continuar a ser feitos em casa. Técnicas de automassagem são ensinadas em todas as aulas para aumentar a eficiência dos resultados apresentados.

CAPACITAÇÃO
Enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e agentes de saúde são capacitados gradualmente para ministrar as aulas aos munícipes. Pelo menos 110 foram treinados no ano passado e outros 30 profissionais da rede de Saúde receberão as mesmas orientações até o fim do ano.

A iniciativa faz parte da criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (Sistema Único de Saúde). A portaria entrou em vigor em 2006. Porém, a implementação do projeto nas redes municipais depende da articulação de mecanismos via Secretaria de Saúde.



Alunos relatam queda de colesterol e pressão

A dona de casa Maria Antonia Gohara, 56 anos, é uma das alunas mais aficionadas pela técnica. Quase nunca se ausenta. Além de praticar as aulas semanalmente, ajuda a disseminar a novidade entre amigos e vizinhos. Os efeitos no corpo começaram a ser percebidos após os primeiros meses de exercícios.

"Sentia formigamento nas pernas, meu colesterol era alto e minha pressão arterial também. Foi ótimo para mim e recomendo para todos. Quando acordo, logo penso: é quinta-feira? Estou viciada", diz. Para ela, muitas pessoas, de forma preconceituosa, desvalorizam atividades oferecidas porque não dão crédito aos trabalhos gratuitos. "Temos de aproveitar o que pagamos de imposto", lembra.

Quem também não falta às aulas é a aluna mais velha da turma da Vila Conceição, que tem 77 anos. Maria Laurentina da Silva pratica a atividade desde a abertura das turmas.

A aposentada revela que o maior benefício trazido pela prática regular da atividade foi o aumento da disposição. As tarefas simples do dia a dia foram simplificadas e até o humor melhorou. "Vivia cansada, indisposta e agora não sinto mais nada disso. Se tivesse duas horas de aula, faria até o fim."




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