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Atividade vira brincadeira e contribui para convívio
Mirela Tavares
Do Diário do Grande ABC
24/11/2011 | 07:00
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Na Emeief Cândido Portinari, no bairro Guarará, em Santo André, as aulas de Educação Física são muito mais do que práticas esportivas e de lazer.

Durante as atividades que envolvem exercícios físicos, os alunos também são motivados a aplicar o conhecimento que aprenderam nas salas de aulas, contribuindo assim de forma interdisciplinar para o desenvolvimento da oralidade e do raciocínio lógico, além de estimular o convívio entre os alunos, o compartilhamento de experiências e a maior aceitação entre eles.

Essa é a filosofia da Super Gincana 3, projeto da professora de Educação Física Carolina de Sousa Rodrigues, desenvolvido em parceria com o professor Diego Pedreira Coelho, e que conta com o apoio de toda direção da escola e demais professores.

"Meu objetivo era desenvolver algo que permitisse a interação e principalmente o envolvimento de todos", conta Carolina, referindo-se até mesmo aos alunos com limitações físicas como os cadeirantes. E pelo visto ela conseguiu, pois quem conversa com as crianças, professores e demais funcionários na escola não deixa de ouvir elogios sobre a Super Gincana. O projeto que está na sua terceira edição consiste na divisão de equipes entre as turmas dos 3º, 4º e 5º anos, para o desenvolvimento de 13 tarefas e atividades pré-determinadas, que culminam em grande apresentação final para toda a escola. "Durante os dois meses que antecedem o evento, eles se preparam muito, treinam e contagiam todas as outras turmas que também ficam ansiosas para ver o resultado final", diz a professora.

Ações na escola vão de dança a preservação

Na programação, as tarefas vão de coreografias de dança e criação da melhor fantasia a ações de preservação no espaço coletivo. Uma delas, a Melhorando a Escola é um exemplo do grande interesse e envolvimento.

"A atividade fez com que as crianças encontrassem um jeito de evitar que o bebedouro ficasse sempre molhado, levando seus próprios copinhos", lembra Carolina.

Ela também salienta para a importância da promoção do espírito de cooperação entre eles, visando objetivo comum. Isso porque as regras da gincana determinam que qualquer atitude individual, negativa ou positiva, é de responsabilidade de toda a turma.

Tímida, a aluna Nathalia Regina Koche, 10 anos, foi uma das que preferiram enfrentar a própria limitação para participar da apresentação de dança para todos na escola. "Se eu não me apresentasse iria prejudicar os pontos da minha turma", contou ela, que ao final ficou feliz de ter feito parte do grupo.

Para a assistente pedagógica Márcia Soares Braz, é esse envolvimento que torna o projeto tão enriquecedor para as crianças. "Todos fazem questão de participar e servem de exemplo para os menores", diz ela.

Para a coordenadora dos professores de Educação Física, Maria Luiza Cavalieri Batisti, a importância do trabalho também se dá pelo projeto desenvolver o espírito de coletividade e cooperação, a interação entre todos, e incluir os que normalmente são excluídos, como os portadores de necessidades especiais. "Principalmente por mostrar que para se chegar a algum objetivo comum, um precisa contar com o outro", completa.

Desvendando o mundo de Aladin, Sherazade e cia.

Você sabe falar árabe? Sim: habibs, esfiha, quibe... Se quiserem, os alunos da Emeief Maria Delphina de Carvalho Neves, no bairro Sacadura Cabral, já podem adotar essa velha piada em suas brincadeiras. Eles ficaram o ano letivo de 2011 debruçados na cultura árabe por meio do projeto As Mil e Uma Noites.

"Era uma turma que apresentava muita dificuldade na escrita e em compreender o que eu estava pedindo", relata a coordenadora do projeto, Paula Gabriele Brasil de Lucca. A aproximação dos alunos com o mundo árabe começou com os desenhos Aladin e a Lâmpada Maravilhosa e Simbad, o Marujo. Depois, a professora dividiu a classe em grupos de seis para a leitura de quatro títulos narrados por Sherazade: Sherazade, a Protagonista, Aladin e a Lâmpada Maravilhosa, Ali-Baba e os Quarenta Ladrões e Simbad, o Marujo.

Na atividade, cada equipe tinha de ler as histórias, reescrever e revisar o texto, tendo o cuidado com os parágrafos, pontuações, ortografia e organização das ideias. "Esse processo levou muito tempo porque tivemos de fazer várias revisões, com a ajuda de dicionários", pontua Paula.

Concluída a revisão, os textos eram digitados nas aulas de Informática. Era a hora de mudar a dinâmica. A professora propôs que as histórias reescritas fossem lidas em sala de aula. Leitura realizada e o assunto se esgotou. O objetivo final era o de publicar os quatro novos romances em forma de livro.

Mas a curiosidade das crianças já estava aguçada e, por iniciativa própria, foram até a biblioteca da escola para pesquisar mais títulos. Acharam outras nove histórias. E o processo recomeçou, agora com mais agilidade. (Selma Viana)

Universo árabe é pesquisado na internet

Além da biblioteca, os alunos utilizaram a internet para pesquisar mais sobre a comida, vestimenta, arquitetura e outros hábitos culturais do povo árabe. Descobriram que a mulher usa uma roupa longa e um pano na cabeça que deixam apenas os seus olhos de fora. Mas não sabiam que o nome do vestuário é burca.

"Nós respeitamos a cultura deles e eles respeitam a nossa", opina, de forma pragmática, Vitória Cristina Marciano da Costa, 10 anos. Pela pesquisa, ela ficou sabendo que foram os árabes que trouxeram para o Brasil o quibe e a esfiha. "Eu não sabia. Agora sei que eles trouxeram a bala de goma e que tem muita loja árabe aqui no Brasil".

Além de aumentar as páginas do livro com novas histórias, os meninos manifestaram a vontade de fazer uma ilustração. A professora contrapôs sugerindo que eles trocassem os títulos entre eles para que a ilustração não fosse feita pelo grupo que reescreveu. Nos desenhos dá para notar a influência que a pesquisa causou nos garotos. Na pintura estão lá: o vermelhão, o amarelo-ouro, o azulão, enfim, as cores fortes. Odaliscas e gênios surgem na maioria das páginas.

Até o arabesco, elemento artístico muito usado em decoração de mesquitas, aparecem nos traços da crianças. "Tivemos avanços significativos. Escutar meus alunos e valorizar suas opiniões foram importantes para mim. O trabalho em grupo melhorou. Evoluímos na paragrafação, coerência, coesão e nos aspectos normativos e discursivos", comemora Paula.

O trabalho de Mil e Uma Noites fez parte do projeto coletivo da escola, que está completando 15 anos. (Selma Viana)




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