Esportes Titulo História das Copas
Testemunha de 1950
vive em São Caetano

Empresário esteve na Arena Corinthians e, há 64
anos, na final do Mundial, na qual o Brasil perdeu

Por Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
17/06/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


Copa do Mundo não é novidade para o empresário Jorge Tannuri, 73 anos. Muito menos quando se trata de Mundiais no Brasil. Natural de Barretos, São Paulo, e morador de São Caetano há 52 anos, acompanhou a Copa de 1950 in loco e, agora, esteve na abertura na Arena Corinthians.

Em 1950, Tannuri tinha 9 anos e, das seis partidas que o Brasil fez naquele Mundial, só não assistiu ao jogo contra a Suíça, realizado no Estádio do Pacaembu, na Capital. Segundo ele, o feito só foi possível, porque o pai era médico e, junto com outros colegas do Rio de Janeiro, compraram um camarote para acompanhar a Copa.

O empresário tem duas principais lembranças daquele campeonato. A boa é o futebol do meia Zizinho, ex-Flamengo, Bangu-RJ e São Paulo, que “era melhor do que Neymar”; a ruim foi o Maracanazo, como ficou conhecida a derrota da Seleção Brasileira por 2 a 1 contra o Uruguai, em pleno Maracanã lotado.

“Eu, com meus 9 anos, achei que ganharíamos de 5 a 1, já que havíamos vencido a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1. A certeza da vitória era líquida e certa. O Brasil inteiro pensava isso. Por isso, nunca esqueci (daquela derrota). Depois, fui várias vezes ao Maracanã, mas sempre ficarei com a lembrança”, relata Tannuri, que narra a atmosfera que se seguiu ao encerramento da última partida do quadrangular, a final do torneio daquele ano.

“Todo mundo ficou quieto. Entramos e seguimos com o carro, todos absolutamente em silêncio. Não tínhamos nada para falar. No dia seguinte, foi a mesma coisa: ninguém disse nada”, recorda, emocionado.

Apesar da derrota, Tannuri isenta o goleiro Barbosa da culpa – o arqueiro foi criticado até sua morte, em 2000, pela suposta falha no gol de Ghiggia. “Ele (Barbosa) foi injustiçado. O Brasil sempre procura um culpado. Só que o ponta-direita deles (Ghiggia) era muito bom. O Bigode (lateral-esquerdo) é responsável, o Barbosa também. Talvez aquela bola fosse defensável, mas não sou goleiro. Temos de dar os méritos para o adversário”, justifica.

Além de ter assistido à Copa de 1950, Tannuri também foi ao Mundial do Chile, em 1962, e viu Garrincha, sem a ajuda de Pelé, contundido, desequilibrar a favor do Brasil no bicampeonato. “A turma de Viña del Mar (cidade chilena) ainda adora o Garrincha”, comenta.

Já em 2014, Tannuri não tinha intenção de ir ao jogo contra a Croácia, mas ganhou ingressos de uma amiga. E não recusou. Apesar de apostar que o Brasil será campeão, vê fragilidade na equipe de Felipão: a ‘Neymardependência’. “O Neymar é referência, como Pelé em 1970 e Garrincha em 1962. Estou torcendo. Mas ele se for anulado, não sei se o Brasil vai bem. Ele é bom, mas sozinho ...”, pondera.

Tannuri deve assistir ao duelo entre Uruguai e Inglaterra na quinta-feira, na Arena Corinthians, e talvez à semifinal, que também será no estádio paulista. E a final? “Nem pensar”, conta o empresário, que já tem reunião de negócios marcada. Mas, se tivesse a chance, iria. “Vai ser outra história. (O fantasma de 1950) Está exorcizado”, garante.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;