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Universidades correm
para contratar professores

UFABC e Unifesp têm 44 vagas abertas em diversas
áreas; ano eleitoral limita prazo para os concursos

Por Natália Fernandjes
27/04/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Universidades federais da região – UFABC (Universidade Federal do ABC) e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em Diadema – correm contra o tempo para viabilizar a contratação de docentes neste ano, tendo em vista a realização de eleição em outubro.

Juntas, as duas instituições oferecem 44 vagas em diversas áreas; a maior dificuldade é encontrar candidatos para ministrar aulas de Engenharia.

De acordo com a lei federal 9.504/97, as instituições de ensino devem homologar os resultados dos processos em aberto até julho para que haja tempo de as nomeações serem realizadas até a véspera do pleito. Caso contrário, os professores só poderão ser nomeados após 1º de janeiro de 2015, para não infringir a legislação. “É um transtorno que acontece a cada quatro anos e já faz parte do nosso calendário. Tentamos nos antecipar e abrimos 40 concursos só neste ano”, observa o diretor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC, Annibal Hetem Júnior.

Considerando o tempo hábil para a realização dos procedimentos, como a prova e a avaliação de banca examinadora, um dos vice-coordenadores do campus Diadema da Unifesp, Roberto Nasser Júnior, acredita que resta ainda um mês para encerrar os trâmites. “Há quatro anos trabalho na unidade de Diadema e sentimos a dificuldade em conseguir candidatos para as áreas mais técnicas da Engenharia Química”, destaca.

A lacuna entre especialistas nas áreas da Engenharia também é observada na UFABC, onde 100% do corpo docente tem doutorado. De acordo com Hetem, além da oferta de muitos concursos ao mesmo tempo em diversas instituições educacionais públicas do País, o mercado industrial é mais atrativo para os engenheiros.

“É uma fatalidade. Uma situação que infelizmente não temos como resolver”, considera.

Para Nasser, uma alternativa viável para atrair engenheiros para a carreira acadêmica, que necessita de título de doutor e oferece dedicação exclusiva de 40 horas semanais com salário de cerca de R$ 8.300 mensais, seria modificar as exigências no processo de contratação. “Temos muita gente gabaritada na indústria sem título de doutor. Eles não precisariam ter dedicação integral e conseguiriam lecionar e atuar no mercado”, diz.

Segundo o docente, a figura de professor com vivência no mercado de trabalho é algo importante para a formação completa do aluno.

Falta de docentes afeta rotina de estudantes

A consequência da falta de docentes acaba afetando os estudantes, tendo em vista a necessidade de ministrar aulas com turmas maiores do que o adequado, o que certamente afeta a qualidade do aprendizado, explica um dos vice-coordenadores do campus Diadema da Unifesp, Roberto Nasser Júnior. “Podemos tapar o buraco com outros professores, mas não é a mesma coisa do que ter um docente específico.”

Na visão do aluno de Engenharia Química e presidente do Centro Acadêmico Unifesp de Engenharia Química, Kalvin Sousa Leite, 22 anos, o número reduzido de docentes é fato observado na instituição desde sua abertura, em 2007. “Alguns acabam assumindo muitas matérias num mesmo semestre, o que diminui a qualidade de algumas aulas e o rendimento dos professores, que acabam ficando mais cansados”, considera.

A principal preocupação de Leite é que o problema acabe atrasando o tempo de formação dos alunos com o não cumprimento das grades curriculares. “Conforme foram entrando novos alunos, a quantidade de professores foi se tornando insuficiente para toda a carga de unidades curriculares. Isso se agravou neste ano, em que uma das matérias, chamada Mecânica Geral, não foi oferecida exatamente pela falta de professor especializado”, diz.

O estudante do BC&T (Bacharelado em Ciência e Tecnologia) com especialização em Neurociência na UFABC, Gabriel Camargo de Carvalho, 22, destaca que o fato de as aulas serem ministradas por professores não especialistas acaba frustrando os alunos que desejam ir para o mercado de trabalho. “Às vezes, a universidade não abre mão dos títulos e deixa de ter excelentes mestres atuantes como referência no mercado”, observa.




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