O volume de financiamentos de veículos registrou ligeira melhora no Grande ABC, ao apresentar expansão de 1,3% em agosto na comparação com o mês anterior. O resultado se dá após a demanda ter crescido, em julho, 1,9% ante junho. Os números, obtidos com exclusividade pelo Diário, se referem às vendas de novos e usados e foram divulgados ontem pela Cetip, empresa que reúne a maior base nacional de informações de restrições financeiras de carros, motos e caminhões dados como garantia em operações de crédito.

Os dados contrastam com a queda de 2% no número de contratos de compras financiadas desses produtos no País todo no mês passado frente a julho. Apesar disso, o consultor automotivo Julian Semple assinala que, mesmo em âmbito nacional, não há motivo de preocupação. Isso porque a média diária de vendas nacionais (número de carros comercializados dividido pelos dias úteis do mês) está praticamente no mesmo nível nos dois últimos meses, com ligeiro crescimento de 0,5% em agosto, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

As variações são pequenas e mostram que o “mercado está andando de lado (ou seja, tem números estáveis)”, diz o presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo.

EM 12 MESES - Apesar da tendência levemente positiva na região, os números de agosto (9.468 financiamentos) são 12% menores que os de igual período em 2012. Essa queda já era esperada e também ocorre em âmbito nacional.

No País todo, foram fechados 582 mil contratos no mês passado, 15% menos do que há 12 meses. “Agosto de 2012 foi recorde histórico de licenciamentos devido à antecipação de compras por parte do consumidor, já que seria o último mês do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido”, assinala o consultor Semple. Na época, havia isenção do tributo para carros populares, incentivo que depois foi prorrogado até dezembro daquele ano. A partir de janeiro, o imposto para os automóveis com motor 1.0 subiu para 2%, medida que vale até o fim de 2013 – depois, retorna ao patamar normal de 7%.

PRAZOS - O levantamento da Cetip mostra ainda que, em todo o País, os prazos médios de financiamento se reduziram nos últimos 12 meses. Antes estavam em 41 meses e agora estão em 36 meses. Para Vallejo, isso se deve à cautela das financeiras. Isso porque embora a inadimplência tenha caído um ponto percentual em agosto (para 5,9%), está 1,7 ponto percentual acima do patamar do mesmo período de 2012.

Semple avalia que as promoções das montadoras, em alguns casos oferecendo juro zero, com 50% de entrada e o restante para pagar em 24 meses, ajudam a reduzir a média do prazo. Só o que não se vê mais são financiamentos sem entrada. “São recusados automaticamente (pelos bancos)”, diz Edneia Vedovatto, gerente de concessionária Volkswagen em São Bernardo.