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Revelado o mistério do túmulo de Tutankamon
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 15:06
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O arqueólogo britânico, Howard Carter, anunciou em 1922, por meio de um telegrama, uma das descobertas arqueológicas mais importantes do século: a tumba de Tutankamon. ``Acabo de fazer finalmente uma maravilhosa descoberta no vale: uma magnífica tumba com os lacres intactos. Voltei a fechá-la esperando sua chegada'.

Carter é especialista em egiptologia, e enviou o telegrama ao Lorde Carnavon, mecenas que financiava desde o início do século suas pesquisas e que viajou rapidamente de Londres para o Egito.

Vinte e um dias depois, Carter e Carnavon se preparavam para abrir a última tumba real intacta da antiga cidade de Tebas, no Alto Egito, 750 Km ao sul do Cairo: era a tumba de Tutankamon, rei da dinastia XVIII do Egito (1361/1352 AC). Depois de seis temporadas de escavaçoes infrutíferas, os dois britânicos viram finalmente recompensados seus esforços.

Howard Carter jamais teve dúvidas. Os anos de meticulosas escavaçoes realizadas por ele e os trabalhos feitos por outros arqueólogos desde do século XVIII o haviam convencido de que a tumba de Tutankamon continuava enterrada ``nao longe do vale do Nilo'.

Por isso, já em 1914, Howard Carter convenceu seu mecenas a pedir a concessao das pesquisas no vale, abandonadas pelo norte-americano Theodore Davis, e tratou de partir em busca desse faraó pouco conhecido. Mas o início da Primeira Guerra Mundial o obrigou a adiar as escavaçoes.

No dia 26 de novembro de 1922, quando estava para completar 50 anos, Carter viveu o grande dia de sua vida, ``o dia dos dias', segundo suas próprias palavras. ``A princípio, nao vi nada. Depois, fiquei uns segundos mudo de espanto', contou em seu jornal.

A seu lado, Lorde Carnavon, impaciente, lhe perguntou se via algo e recebeu uma curta resposta: ``Sim, maravilhas'. A contemplaçao do tesouro contido na ante-sala da tumba era impressionante: cerca de 3 mil objetos preciosos, tronos, estátuas, móveis e armas em que o ouro brilhava foram retirados das cinco salas da sepultura.

A câmara funerária, com carpetes de ouro, continha o sarcófago constituído de três urnas encaixadas umas nas outras. A última urna, feita de ouro maciço (110 quilos), continha a múmia de Tutankamon. A outra jóia principal do tesouro, a máscara funerária que cobria o rosto mumificado do rei, feita de ouro com incrustaçoes de lapislazuli e cristal, deu depois a volta ao mundo graças a numerosas exposiçoes dedicadas a esse jovem faraó de efêmero reino (nove anos), morto aos 18 anos de idade.

A notícia da grande descoberta se espalhou rapidamente. Na época, a Europa, que saía da guerra, necessitava sonhar. A história do fabuloso tesouro trimilenar, encontrado intacto, caiu no momento mais oportuno. Em poucos dias, Tutankamon deixou de ser um faraó desconhecido para tornar-se um personagem de fama universal.

A descoberta de Tutankamon e a lenda que o rodeou (a maldiçao do faraó, que ressurgiu quando foi anunciada a morte de Lorde Carnavon em maio de 1923) provocaram uma ``egiptomania' geral. Em Paris, as casas de costura lançaram para a primavera de 1923 uma moda ``à egípcia'. E desde entao, Tutankamon tem continuado alimentando sonhos e lendas.




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