Quase 60 mil pessoas saíram quarta-feira às ruas do Grande ABC para comemorar o Sete de Setembro. Quatro cidades da região promoveram desfiles para lembrar a Independência do Brasil, proclamada em 1.822 por D.Pedro I às margens do riacho do Ipiranga sob os gritos de Independência ou morte. O destaque ficou por conta de São Caetano, que sozinha reuniu 20 mil pessoas – 15 mil só na platéia. Os outros municípios que tiveram desfile foram Santo André, Diadema e Mauá, que há oito anos não participava das comemorações.

Em São Caetano, a festa foi na avenida Kennedy, no bairro Santa Maria. Cinco mil pessoas desfilaram, representando 55 escolas e 24 grupos de fanfarras. O prefeito José Auricchio assistiu ao desfile. O sentimento de patriotismo marcou as comemorações dos 183 anos da Independência do Brasil. Moradores faziam questão de ostentar nas roupas as cores da bandeira nacional.

"Em tempos de crise política e social é importante a gente resgatar o orgulho nacional. Só com uma sociedade unida e organizada que iremos construir um Brasil mais justo e democrático", salientou o aposentado Orlando de Hollanda Filho, 72 anos, que foi assistir o desfile de São Caetano, aberto com a apresentação da Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. O ponto alto foi no momento da passagem das fanfarras com crianças. Devidamente uniformizadas, elas arrancaram aplausos do público.

Diadema levou muito mais gente para a avenida do que para a platéia. Mais de 13 mil passaram pela avenida Ulisses Guimarães. Nas arquibancadas, havia 3 mil pessoas. Mas se faltou luxo e grande público, sobrou entusiasmo na avenida. Policiais, estudantes, idosos e representantes de igrejas, grupos de idosos, culturais e esportivos evoluíram e esbanjaram alegria e orgulho pelo Brasil. O público acompanhou as apresentações e exibia bandeirinhas nacionais.

"Fiquei impressionado com interesse das pessoas em desfilar neste ano. Acho que o sentimento de patriotismo está voltando", declarou o coordenador da parada em Diadema, o assistente da Secretaria de Governo, José Tadeu Mota. O prefeito José de Filippi Júnior aproveitou o evento para discursar em defesa de uma distribuição de renda mais justa no Brasil. "Só assim, iremos construir um país mais igual e sem tantas diferenças sociais."

As arquibancadas da avenida Firestone, no bairro Casa Branca, em Santo André, ficaram lotadas. Às 9h, 10 mil pessoas já estavam acomodadas aguardando o início do desfile. A Prefeitura aproveitou os equipamentos de infra-estrutura do Carnaval.

Acrobatas da Fefisa abriram a festa. A exibição agradou o público e abriu caminho para entrada de cerca de 3 mil alunos de escolas públicas da cidade. Do alto da tribuna, a vice-prefeita de Santo André, Ivete Garcia – que fica no comando da administração até sábado, cobrindo férias do prefeito João Avamileno – acompanhou de perto o desfile da escola em que estudou, a estadual Sérgio Melliet, na Vila Pires.

O colégio levou para a avenida mil de seus 1,8 mil alunos. Dentre os quais, o neto do seo Fausto Cabraitz, metalúrgico aposentado. Aos 68 anos, ele não se deixou intimidar pelo frio e saltou cedo da cama para acompanhar a performance do garoto. Há 51 anos morando em Santo André, essa é a primeira vez que acompanha um desfile cívico na cidade. "Antes, ia para São Paulo."

Às 10h, Mauá reestreou o desfile cívico, que não era comemorado havia oito anos. No retorno, exageros. Havia mais gente na avenida do que na platéia. Quatro mil e novecentos desfilaram para um público de aproximadamente 3 mil pessoas. As 38 escolas municipais da cidade entraram na passarela, na avenida Portugal.

Os pontos altos do desfile, no entanto, foram a passagem dos cerca de 700 garotos da Guarda Municipal Infanto-Juvenil e a apresentação da tradicionalíssima banda Lyra da cidade, existente há 71 anos. Da tribuna, o prefeito interino Diniz Lopes foi o co-narrador do evento. Entre uma apresentação e outra, Lopes discursava sobre as realizações e projetos de sua administração.