O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta quinta-feira, após uma reunião em Brasília que durou cerca de cinco horas com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que a América Latina vive atualmente um verdadeiro “terremoto político”.
De acordo com Chávez, o continente está dando cada vez mais passos rumo ao entendimento entre os países. “Vão acontecer muitas coisas, como debates e apreciações”, assinalou.
Como já se tornou rotina em suas declarações públicas, o venezuelano fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, George Bush. Ele falou que é difícil uma integração de seu país com o governo norte-americano, pois, para ele, Bush é um imperislista, que comanda um governo em decadência e desrespeita os direitos humanos.
Num momento raro de elogio a um político dos EUA, ele citou como positivas as declarações dadas nos últimos dias por Thomas Shannon, subsecretário de Estado para a América Latina dos EUA, que reconheceu a existência de um regime democrático na Venezuela.
Jantar – O Brasil é o primeiro país que Chávez visita após ser reeleito presidente no último fim de semana. Na noite de quarta, os dois líderes sul-americanos já haviam jantado juntos no Palácio da Alvorada. Após o encontro descontraído, Chávez falou com a imprensa e afirmou que seu país terá um crescimento por volta de 10% em 2006. Segundo ele, há 12 trimestres consecutivos a Venezuela cresce.
O presidente do país vizinho aproveitou para 'rasgar ceda' à política econômica de Lula. De acordo com Chávez, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil pode "perfeitamente" alcançar a meta do governo, de crescer 5% nos próximos anos, "podendo, inclusive considerar-se uma das maiores economias do mundo".
Sobrou até mesmo para a administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Segundo o polêmico venezuelano, Lula, quando assumiu o governo em 2002, pegou uma economia "congelada".
Gás – Hugo Chávez disse que seu país tem condições de ajudar o desenvolvimento no Brasil, aumentando o suprimento de combustíveis por meio de acordos na área de petróleo e gás. "Queremos oferecer toda facilidade para que o Brasil não tenha nenhuma preocupação com petróleo e tenha disponível toda energia que requer para seu desenvolvimento e para se tornar uma potência mundial", afirmou.
Segundo ele, a Venezuela tem reservas expressivas a 200 metros de profundidade. Ele disse que em um dos poços explorados pela Petrobras em seu país, a empresa detectou reservas de 7 milhões de barris em um só campo.
Imprensa – Em meio ao debate sobre a aprovação de um plebiscito que permitiria a reeleição na Venezuela por vários mandatos, Chávez disse que o povo é quem deve determinar o tempo em que ele ficará no poder.
Sobre a imprensa, ele avalia ser "lícito" que ela faça suas críticas. "Mas não pode, de forma alguma, execrar o país, as leis e as instituições. A mídia na Venezuela passou muitos anos bombardeando o país com mentiras, fazendo terrorismo midiático, atacando autoridades legalmente constituídas visando manchá-las sem nenhum tipo de fundamento, na tentativa de estabelecer um plano antinacional".
Argentina – O presidente venezuelano informou que viaja nesta quinta-feira para Buenos Aires, na Argentina, onde se encontra com o presidente Néstor Kirchner. Os dois devem tratar da instalação do gasoduto do Sul, que beneficiará os países da América do Sul até o Caribe. De acordo com Chávez, esse projeto vinha se desenrolando há oito anos, e apenas há um ano, com o interesse de Lula sobre ele, foi possível idealizar projeto do ponto de vista técnico-financeiro, ambiental e energético.