O Grande ABC pode ganhar até o fim do próximo ano outros CEO's (Centro de Especialidades Odontológicas). A promessa é do ministro da Saúde, Humberto Costa, que nesta quinta, em visita à região, inaugurou duas unidades do programa Brasil Sorridente, uma em Mauá e outra em Diadema. Costa preferiu não adiantar quantos centros estão previstos para o Grande ABC, mas admitiu ao Diário que as outras cinco prefeituras da região também encaminharam para o governo federal propostas para serem incluídas no programa.

Pelo convênio, cada uma das cidades beneficiadas recebe R$ 50 mil para compra de equipamentos e outros R$ 7,2 mil mensais para a manutenção dos espaços e a compra de materiais para atendimento. Diadema e Mauá inauguraram seus centros com um mês de antecedência, antes mesmo da chegada da verba - prevista para ocorrer apenas na próxima semana. Tanta pressa reforçou a tese levantada pela oposição, de que a abertura das unidades é uma tentativa de favorecer as atuais administrações no segundo turno das eleições.

E foi mergulhado em meio a esse clima de tensão que o ministro da Saúde participou na tarde desta quinta da inauguração dos dois CEO's na região. A primeira cidade visitada foi Mauá. Humberto Costa ainda estava dentro do carro oficial quando um grupo formado por cerca de 30 manifestantes ecoou uma estrondosa vaia. Mas nem mesmo a recepção nada amigável tirou o bom humor do ministro. "É um projeto que vai beneficiar eles (os manifestantes). Não tem problema escutar algumas coisas que não queremos."

Dentro da Unidade de Saúde Central, onde funcionará o centro odontológico em Mauá, outro grupo formado por funcionários municipais, acompanhados pelo prefeito Oswaldo Dias (PT), se encarregou do contra-ataque e rebateu as vaias com uma salva de palmas. O confronto seguiu até mesmo durante os tradicionais discursos. Do lado de fora da unidade, os manifestantes, contidos por um cordão de isolamento formado por Guardas Civis Municipais, vibravam com gritos de guerra. A maioria deles contra o PT, que hoje administra a cidade, e tem como candidato a prefeito Márcio Chaves.

De Mauá, o ministro seguiu direto para Diadema, onde se deparou com um cenário oposto. O grupo de manifestantes que se concentrava em frente ao Hospital Público da cidade era formado por cabos eleitorais do Partido dos Trabalhadores e ao invés de vaias, Costa foi recebido com elogios. Pouco depois, a chuva, que apertou durante a inauguração, se encarregou em dispersar os correligionários, mas o clima de festa se manteve durante todo evento.

Questionado sobre o caráter eleitoreiro das inaugurações, Costa garantiu que os novos centros odontológicos eram um sonho antigo do governo federal e que não apenas as cidades administradas pelo PT estão sendo beneficiados, como ocorreu em Mauá e Diadema. "O que aconteceu é que estas cidades, assim como outras que estão nas mãos de outros partidos, ofereceram condições para que as inaugurações ocorressem", afirmou o ministro.

A União reservou um orçamento de R$ 1,4 bilhão para abertura dos novos centros de especialidades odontológicas. Em todo Brasil, foram inauguradas 73 unidades e a expectativa do ministério é de que até o fim do ano outras 27 entrem em funcionamento. Até 2006, a pasta trabalha com a possibilidade de que o número de CEO's chegue a 400.

Tanto em Diadema, quanto em Mauá, os novos centros odontológicos terão capacidade para fazer até 500 atendimentos mensais. A exemplo de outros municípios da região, as duas cidades ofereciam serviços odontológicos a seus moradores. Durante a cerimônia de inauguração, um dos dentistas da rede municipal de Mauá traçou um retrato da realidade de lá: "viu só, agora temos o céu e o inferno", num comparativo entre os novos CEO's e as unidades já existentes no município.