O perfil das aplicações financeiras no Brasil está mudando. Por trás desse movimento está a inflação baixa, a produção em alta, o fim da indexação de preços e o maior conhecimento das pessoas em relação às alternativas para fazer o dinheiro render mais.

Dados do Banco Central mostram isso: de janeiro a julho as aplicações que mais cresceram em termos de aplicações foram os fundos de ações, com alta de 32,4% no período.

Em segundo vieram os depósitos em fundos de renda fixa, com alta de 29,55%, seguidos pela caderneta de poupança, com 10,25% e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), com apenas 2,26%.

Os brasileiros estão conhecendo mais a Bolsa de Valores e participando do universo das empresas e suas ações. Mas isso ocorre num ambiente onde o juro básico da economia dá uma mãozinha.

Ao cair de forma gradual, porém constante, acaba retirando o potencial de lucro (fácil) das aplicações de renda fixa – realizadas nos RDBs, fundos e poupança – e fortalecendo a migração de aplicações para o mercado de ações.

A mudança da TR não visa alterar esse quadro. Se a Selic é o juro básico da economia, ao cair, cai a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) e cedo ou tarde é preciso ajustar, também, a TR (Taxa Referencial).

Economia é como um jogo de dominó: mexeu uma peça, todas caem.

No atual contexto, ganha a poupança, porque o rendimento de 6% ao ano mais TR se aproximará do que é pago nos CDBs e fundos de renda fixa.

Ao patrocinar um ganho maior na poupança, o governo eleva os depósitos que acabam sendo canalizados para os empréstimos e financiamentos habitacionais. O que o governo quer é que a ciranda financeira patrocine a casa própria.