Jiang, que iniciou na semana passada um giro europeu na Gra-Bretanha e depois na França, é esperado em Lisboa nesta terça-feira, em sua segunda visita em seis anos a Portugal, primeiro país europeu que o recebeu depois da repressao da praça Tiananmen (da Paz Celestial) em 1989. ``A visita tem um grande valor simbólico', destacou o embaixador de Portugal em Pequim. ``Significa que a transiçao de Macau foi harmoniosa e os dois países chegaram a resolver um problema muito difícil porque tocava a noçao de soberania', completa.

Macau, cedida aos portugueses em 1557, deve voltar à soberania de Pequim no dia 20 de dezembro, em condiçoes muito semelhantes à devoluçao de sua vizinha britânica, Hong Kong, em julho de 1997. Pequim e Lisboa chegaram a um acordo em 1987 sobre as condiçoes da devoluçao em virtude do princípio ``um país - dois sistemas', que dá ampla autonomia ao território e lhe garante a manutençao de um sistema ``capitalista' durante pelo menos 50 anos.

Ao contrário de Hong Kong, as discussoes entre Pequim e Lisboa provocaram poucos litígios. De qualquer modo, Portugal se mostrou irritado com o anúncio do envio de uma força de cerca de mil soldados chineses para encarregar-se da ordem pública, depois do dia 20 de dezembro, em um território envolvido em uma ``guerra de cassinos'.

Por sua parte, a China exige que o processo de transformaçao seja rápido em Macau, pois a funçao pública permanece em sua maioria composta por portugueses, que só representam 3% dos 450 mil habitantes do território. ``Graças à visita do presidente Jiang a Portugal, o desenvolvimento da cooperaçao adquirirá um novo impulso', declarou a porta-voz do Ministério chinês de Relaçoes Exteriores, Zhang Qiyue.

O tema Macau estará na agenda das discussoes que serao iniciadas na tarde desta terça-feira entre Jiang e seu anfitriao Jorge Sampaio no palácio presidencial de Belém.