Nem dois meses se passaram desde o fim da Olimpíada de Tóquio, mas os atletas brasileiros já sentem os efeitos pós-Jogos de falta de apoio e incentivo. Se nas semanas que antecedem o maior evento esportivo do mundo os competidores classificados conseguem valorização e exposição, tal status não é mantido posteriormente. Esta é a realidade que vem sentindo a taekwondista Milena Titoneli, nascida em São Caetano, que, para poder competir em cinco torneios na Europa neste fim de ano e tentar somar pontos para o ranking olímpico, recorreu à realização de rifa, enquanto aguarda a renovação de sua bolsa – dada pelo governo federal.

“Infelizmente no momento estou sem bolsa, porque ela foi finalizada logo após os Jogos Olímpicos e, infelizmente, enquanto não abre inscrição para a renovação, preciso recorrer a este tipo de arrecadação, como eu fazia no início da minha carreira, porque é uma viagem de custo altíssimo. São dois meses seguidos na Europa e o euro está caríssimo (a R$ 6,23)”, conta a são-caetanense. “O atleta geralmente só é valorizado após uma grande conquista. Como não medalhei nos Jogos, mesmo que tenha sido por muito pouco (acabou derrotada na repescagem pela luta do bronze), é como se eu estivesse recomeçando do zero. Mas fazemos de tudo para ir em busca de um sonho.”

Milena Titoneli estima que serão necessários R$ 25 mil para custear as participações (inscrições) nos Abertos da Albânia (o qual disputou ontem e conquistou a medalha de ouro), de Montenegro, da Holanda, da França e da Áustria, além de hospedagens, alimentação, viagens e até mesmo treinos. “Planejei essa viagem para participar de cinco competições e três periodos de treinamento. Preciso realizar essas viagens, porque tenho até dezembro para juntar 40 pontos no ranking olímpico e mundial (com o título de ontem, já somou os primeiros). Estes pontos são para a minha corrida olímpica para Paris-2024, à qual meu objetivo é classificar pelo ranking. Para isso preciso me manter entre as top5”, explica a taekwondista, que atualmente conta com os apoios da Marinha do Brasil e da empresa Ajinomoto.

O prêmio principal da rifa é um celular Samsung S21, edição especial dada aos atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Tóquio. O segundo número sorteado levará três meses de assessoria esportiva com o preparador físico Ariel Roberth, enquanto o terceiro fatura uma camiseta da campanha olímpica da própria Milena Titoneli. “O andamento (da venda da rifa) está razoável até o momento. Muitos amigos do taekwondo estão ajudando, principalmente compartilhando nas redes sociais. Agradeço o carinho e a colaboração de todos”, finalizou.