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Acampamento do MST assusta fazendeiros e autoridades em SP
Da AFP
31/05/2003 | 17:21
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Latifundiários da região de Presidente Epitácio, em São Paulo, onde está montado um enorme acampamento de trabalhadores rurais sem terra, já possuem uma guarda armada para proteger suas propriedades de eventuais invasões, e as autoridades locais expressam sua preocupação pela situação das famílias acampadas.

"Os fazendeiros têm o direito de proteger suas propriedades. Só que alguns fazendeiros já contrataram empresas de segurança particulares, com pessoal preparado para a vigilância contra qualquer invasão de suas terras", disse este sábado à AFP Osvaldo Saraiva Marques, o único dos latifundiários da região que vive em Presidente Epitácio.

O latifundiário, que é pecuarista, garantiu que não concordava em "dar armas a simples peões, lavradores, despreparados para fazer a vigilância de suas terras. Isso é condenável, pois pode gerar mais violência. Mas a lei permite que os fazendeiros protejam suas propriedades".

Apesar disso o pecuarista Saraiva Marques garantiu que em suas terras não iria manter guarda armada. "Eu me defendo com o Poder Judicial. Se os membros do MST invadirem minhas terras, a Justiça tem que se encarregar de me defender".

No entanto, a declaração de Saraiva Marques confirma as denúncias feitas pelos líderes do Movimento dos Sem-Terra sobre a existência de milícias armadas na região para amedrontar os acampados pelo MST.

"Há muita gente armada pelos fazendeiros. São jagunços que às vezes estão bêbados. O importante é não provocar ninguém e não aceitar provocações", disse à AFP um dos coordenadores do MST na área do acampamento de Presidente Epitácio, Messias Bispo de Oliveira.

Para Saraiva Marques, esta situação é produto "da enorme preocupação que existe entre os produtores rurais da região. É preciso encontrar uma solução rápida para isso". Percorrendo as estradas da região, neste sábado era possível ver patrulhas de três e até quatro homens a cavalo vigiando as cercas das fazendas.

O prefeito de Presidente Epitácio, Adhemar Dassie, negou à AFP que latifundiários da área estejam mantendo milícias armadas para intimidar os membros do MST, e afirmou que no caso disso acontecer denunciará os responsáveis.

"Não tenho informações de que há fazendeiros com homens armados por causa desse acampamento do MST. Até agora, ninguém me informou sobre isso", disse Dassie categoricamente.

Segundo o prefeito, o enorme acampamento do MST é um problema que a cidade não pode resolver. "Presidente Epitácio tem 40.000 habitantes. Se o MST diz que quer reunir 5. 000 famílias nesse acampamento, isso representa cerca de 20.000 pessoas, ou a metade da população do município. Simplesmente nós não podemos resolver esse problema", disse alarmado.

Dassie ordenou que um caminhão-pipa da prefeitura leve água diariamente ao enorme acampamento, mas alertou que "se continuar chegando gente não haverá meios para oferecer água, comida, transportes, remédios ou segurança para toda as famílias que ali estejam".

O prefeito sugeriu que "não é preciso montar um acampamento tão grande na beira de uma estrada. Deveria ser feito um cadastro das famílias que querem ser beneficiadas pela reforma agrária, e todos esperariam em seus próprios municípios, ou em suas casas, porque muitas dessas pessoas vivem na periferia de Presidente Epitácio".

Dassie já pediu ajuda ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e às secretarias estaduais de Segurança, Educação e Saúde.




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