A abertura do 10º Seminário da Imigração Italiana em Minas Gerais, na semana passada e aqui noticiada graças ao jornalista Marcos Imbrizi, focalizou as relações bilaterais para o desenvolvimento dos italianos no Exterior. Há 100 anos as preocupações eram bem outras: a Itália sabia que seus filhos sofreriam, e muito, na aventura da imigração
Em 1920 viviam-se os duros anos do pós-guerra e o novo mundo necessitava de mão de obra. O Brasil também precisava de mais trabalhadores, já que a libertação oficial da escravatura ia longe.
Uma comissão italiana sabia que o sofrimento do seu povo vivido internamente numa Itália destroçada continuaria lá fora. Houve quem alertasse para isso. Mas não se impediu a vinda de levas e levas de irmãos para labutar na lavoura do Interior de São Paulo e outras plagas.
No artigo que se segue, Giuseppe De Michelis, comissário geral da emigração na Itália, alertava para o drama a ser enfrentado pela italianidade no Brasil.
Sua fala, distribuída pelas agências noticiosas e publicada nos jornais brasileiros, traça um panorama de época. Era outubro de 1920.
Propagandistas mercenários
Depoimento: Giuseppe De Michelis*
O governo italiano não impede de maneira nenhuma a emigração individual para o Brasil, a qual é absolutamente livre de fiscalização oficial.
A intervenção do governo somente se faz sentir quando se trata de levas em massa dos imigrantes, oferecendo-se a estes, além de passagens gratuitas e de outras vantagens, a internação, por agrupamentos, nas fazendas.
O Brasil é o único País que usa esse sistema e que emprega vários meios para atrair imigrantes, seja pagando propagandistas, seja subvencionando companhias de navegação. Isso põe o governo italiano na condição de exercer severa fiscalização, a fim de evitar que os colonos sejam enganados por propagandistas mercenários.
Reconheço que o Brasil é um País dotado de imensas riquezas naturais, apenas começadas a explorar, e de grande futuro.
As zonas mais adaptáveis para a emigração italiana são as meridionais, inclusive os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
São Paulo é que se preocupa atualmente de atrair os emigrantes para a cultura do café, tendo no seu orçamento uma verba para oferecer viagens gratuitas a 50 mil imigrantes.
Inquéritos foram realizados, verificando-se que as condições dos imigrantes eram muito variáveis, e geralmente não favoráveis.
O governo italiano deve pedir que sejam dadas garantias sérias sobre emigrantes, assegurando uma regular tutela, sobretudo no que concerne ao direito domiciliar efetivo, assistências médica e escolar, o auxílio de sociedade de trabalho, a melhoria da situação econômica, a fiscalização dos contratos com os patrões e a aquisição das terras e dos inspetores da imigração.
O governo italiano favorecerá as iniciativas e os empreendimentos em que ao trabalho esteja associado o capital, por meio de técnicos italianos.
O governo italiano favorecerá a saída dos emigrantes, no interesse dos dois países, com a condição de que seja estabelecido um leal entendimento de colaboração entre os dois governos, criando-se um contrato de trabalho que suprima os meios artificiais, inadmissível entre sociedades civilizadas.
Nota da Memória – Basta ouvir um filho mais idoso dos imigrantes italianos pioneiros para saber que as preocupações do comissário no longínquo ano de 1920 não foram devidamente levadas em consideração.
Sofridos, o italiano e os demais imigrantes foram obrigados a criar soluções, exemplificadas nas sociedades particulares de mútuo socorro, várias das quais criadas no Grande ABC, e duas delas mantidas até hoje, com outros objetivos.
(*) O Estado de S. Paulo, 18-10-1920, p. 2
Diário há meio século
Sexta-feira, 16 de outubro de 1970 – ano 13, edição 1360
Manchete – Uma nova crise abala a Argentina
Diadema – Prefeito Evandro Esquivel inicia obras de revitalização e melhoramentos na Avenida Casa Grande, uma antiga aspiração dos moradores.
Futebol – Santo André (ainda FC) ressurge na Vila Pires (futuro Estádio Bruno Daniel), após longa inatividade.
Realiza jogo treino com o time da Karmann-Ghia, de São Bernardo.
Em 16 de outubro de...
1920 – Vigorava o mandato da nova diretoria do Brasil FC, de Santo André, eleita em 22 de setembro.
Presidente, Oswaldo de Almeida; vice-presidente, Antonio Flaquer; primeiro secretário, Paulo Garcia; segundo secretário, Arthur Ferreira Pecke; primeiro tesoureiro, José Basilio de Lima; segundo tesoureiro, Manuel de Freitas Garcia; diretor esportivo, Antonio Palmieri; primeiro capitão, Eduardo Andreolli; segundo capitão, Edgard Flaquer; procuradores, José Brasil da Costa e Cassiano Rodrigues.
Postais de futebolistas estavam à venda, a 200 réis cada um. Editor: J. Kuntz & Ramalho, “sempre novidades”.
30 – Revolução em marcha.
Decretada a intervenção federal no Espírito Santo e em Pernambuco; suspenso campeonato de futebol da Acea (Associação Comercial de Esportes Atléticos). Motivo: vários jogadores foram convocados ou incorporados ao Exército.
Na região, prefeito Saladino promulga o ato nº 5, com uma nova tabela de preços dos gêneros alimentícios, idêntica à da Capital.
Hoje
- Dia da Ciência e da Tecnologia
- Dia Mundial da Alimentação
- Dia Mundial do Pão
- Dia do Engenheiro de Alimentos
- Dia do Anestesista
- Dia do Instrutor de Autoescola
Santos do dia
- Edwiges
- Geraldo Magella
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.