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Shopping abre banheiro inclusivo

Inauguração em empreendimento de Santo André divide opinião dos usuários; funcionários estarão no espaço para controle de problemas

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
06/10/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


 O Grand Plaza Shopping, na região central de Santo André, inaugurou ontem banheiro inclusivo, ao lado da praça de alimentação. Com mais de 50 cabines, a novidade causou estranhamento na população e divide opiniões. Embora os frequentadores defendam o modelo, que abre espaço sem discriminação de gênero, alguns temem por possíveis problemas com a mistura, como assédios e desrespeito.

O Diário esteve no local e observou a movimentação. Ao entrarem no espaço, as pessoas se espantavam com a placa que informava o modelo do banheiro, motivo pelo qual muitos frequentadores questionaram se os sanitários exclusivos, feminino e masculino, permanecem à disposição nos demais corredores. Com a informação positiva, dez pessoas deram meia volta.

A equipe de reportagem apurou que três funcionários sempre estarão no ambiente, tanto para tranquilizar e orientar como para controlar possíveis intercorrências. Mesmo assim, uma das frases mais ouvidas na porta do banheiro era “toma cuidado”. Foi o que Queila Brito Lima dos Santos, 23 anos, disse ao irmão Samuel Brito Lima, 14, quando ele decidiu usar o banheiro. “É diferente. No início, é meio assustador porque o nosso mundo de hoje é tão perigoso. Mas, depois de um tempo observando, achei bem legal, porque não tem discriminação de gênero, não deixa espaço ao preconceito. Mas é meio estranho, por isso pedi para o Samuel ir com cuidado, é uma criança ainda”, explicou a desempregada.

O estudante Caio Apolinário Feltrin, 18, disse que achou interessante a iniciativa, sobretudo por unir as pessoas, incluindo as que sofrem preconceito. Por outro lado, teme a insegurança, principalmente por assédio. “É uma boa ideia, só precisa ter segurança.”

Já Fernanda Matos Martins, 17, optou por não arriscar. “É interessante ter um banheiro unissex, mas o que pega é a questão da segurança. Misturar homem e mulher, nunca se sabe quem vai entrar ali. Eu vou continuar usando o banheiro separado, porque prefiro”, afirmou a estudante.

Um homem de 32 anos, que preferiu não se identificar, disse que achou “um absurdo” a decisão do shopping. “Isso vai dar muito problema ainda. Em dias cheios, não tem como controlar o acesso, e corre risco de assédio, estupro, pedofilia. Não gostei nem um pouco. Além disso, homem é descuidado e não pensará que uma moça pode usar o banheiro depois, e normalmente sujam tudo”, reclamou o autônomo.

O banheiro inclusivo tem 240 metros quadrados de área com ar-condicionado, seis cabines-família, outras duas destinadas a pessoas com deficiências e mais 43 individuais, todas com divisórias que vão do piso ao teto. O espaço conta ainda com torneiras e dispositivos de sabonete líquido que funcionam por aproximação, o que faz com que as pessoas não coloquem as mãos nos acessórios. “Achei legal a disposição do banheiro e fiquei tranquila em trazer o Felipe (3 anos) aqui. São cabines bem isoladas e, tendo respeito, não tem problema”, pontuou a gerente administrativa Andreia Gramatico Ribeiro, 38.

Por meio da assessoria de imprensa, o shopping afirmou, em nota, que o objetivo é “oferecer conforto, praticidade e um ambiente aconchegante e democrático, apoiado em um trabalho feito com dedicação, incluindo treinamento específico para mais de 240 pessoas, entre colaboradores diretos e indiretos”.




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