As seis casas da Rua Anchieta, no bairro Santo Bertoldo, em Ribeirão Pires, permaneciam interditadas ontem. A faixa de isolamento na frente do imóvel de número 95 não permitia aos vizinhos esquecer que a confeiteira Analice de Oliveira Santos, 36 anos, Ana Maria, 14, e Ana Lídia, 8, não voltarão mais para o local. Mãe e filhas morreram soterradas na quinta-feira enquanto dormiam, depois que um deslizamento de terra destruiu a residência.

A Defesa Civil esteve ontem no local para informar à população que a limpeza terá início amanhã. Os moradores da Rua Anchieta ainda não conseguem entender como a tragédia pôde ocorrer. Apesar da existência de uma encosta atrás de algumas residências, afirmaram que não imaginavam que sofreriam com o problema. De fato, a região não se assemelha às áreas de risco no Grande ABC. As casas parecem bem estruturadas.

Vizinho de Analice, o aposentado Elpides Molica de Andrade, 60, estava no fundo do imóvel no momento em que viu a terra invadir as casas. Escapou antes que o espaço fosse destruído. Tinha acabado de alimentar o cachorro, que foi soterrado. "Pensei que o mundo estava acabando", conta.

Analice morava com as filhas e o marido Manoel Bispo dos Santos, 45, no fundo do terreno do pai Esaltino de Oliveira Moreira, 65. A casa principal era ocupada pela família há cerca de 30 anos, segundo a irmã da confeiteira Adriana de Oliveira Moreira, 34. "Meus pais não têm condições de voltar para cá. Minha mãe perdeu a alma gêmea", diz. Ela emociona-se ao falar sobre as sobrinhas. "A mais velha iria fazer 15 anos no mês que vem, se formou na 8ª série. Tinha a vida toda pela frente. A pequena faria 9 em março. Eram muito meigas."