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E-mail pode ajudar na investigação sobre a morte de prefeito
Fernão Silveira
Do Diário OnLine
31/01/2002 | 00:38
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O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) entregou para a Polícia Federal nesta quarta-feira à tarde a transcrição de um e-mail enviado na noite de terça ao endereço eletrônico da presidência do PT, em Brasília. A mensagem contém o depoimento de uma pessoa que conta ter ouvido três supostos criminosos comentarem sobre uma recompensa que teriam recebido por um "trabalho em Santo André". O porta-voz da Polícia Federal em São Paulo, delegado Gilberto Tadeu Vieira César, diz que as informações do depoimento "são muito vagas" e "precisam de investigação".

O conteúdo do e-mail é o depoimento que um militar reformado que mora no Pará deu à Sociedade Paraense de Direitos Humanos, entidade ligada ao PT, em 23 de janeiro. O depoente, que não teve a identidade revelada, disse que viajava de ônibus de Goiânia (Goiás) a Marabá (Pará) e que ouviu três homens comentarem que iam "aproveitar a recompensa recebida pelo trabalho feito em Santo André e aguardar o próximo trabalho".

Segundo a Rede Globo de Televisão, que teve acesso ao depoimento do militar reformado, os três suspeitos falavam que "o Santo e o André estavam de pés juntos" e que "já estariam partindo para o outro mundo". Usando muitos códigos e gírias, eles comemoravam que "a missão foi um sucesso e um trabalho de primeira qualidade" e que custara "dinheiro adiantado" e "pago na hora". Sobre o "próximo trabalho", o depoimento dá conta que os supostos executores falavam que o alvo seria "um tubarão", e não "um peixe".

Ainda segundo a TV, o militar relatou no depoimento ter ouvido a conversa por volta das 17h30 do dia 19 (sábado após o seqüestro de Celso Daniel), no banheiro da Rodoviária de Goiânia. Segundo os peritos, Celso Daniel ainda estaria vivo no horário em que o depoente afirma ter ouvido a conversa dos supostos executores.

Em entrevista à emissora, o militar alega que um assassino teria ficado para a execução e os outros já estariam "pegando a sua fuga". Greenhalgh levanta ainda a hipótese de os homens ouvidos em Goiânia serem apenas os responsáveis pelo seqüestro de Celso, não participando da execução – apesar de saberem que o prefeito já estaria com a morte decretada.

O delegado Gilberto Tadeu Vieira César se limitou a dizer que o e-mail entregue por Greenhalgh ao delegado Hermes Rubens Siviero (que preside o inquérito aberto na PF para apurar se o assassinato de Celso Daniel foi crime político) contém informações de uma pessoa que teria ouvido comentários sobre um grupo que teria participado de uma execução em Santo André. Mas ele destacou que as pistas do e-mail não são confirmadas.

"Esse e-mail não tem toda a importância que querem dar", afirmou Vieira César.

Greenhalgh contou ainda que os três supostos executores perceberam que o militar reformado ouviu a conversa e cogitaram matá-lo. Segundo o deputado, o militar dissuadiu os três e disse que estava sem dinheiro. "Daí eles (os supostos executores) deram R$ 1 mil para ele (o militar reformado)", relatou o deputado. No depoimento, cuja cópia foi exibida pela TV Globo, o militar afirma que os três homens tiraram os R$ 1 mil "de um bolo de dinheiro" que estava dentro de uma maleta. Dentro da maleta haveria também "uma pistola 9mm" – arma de calibre coincidente com os disparos que mataram Celso Daniel.

O militar reformado falou também à Rede Globo que um terceiro homem, que também seria da quadrilha, era "um japonês com sotaque de paulista". Haveria ainda um rapaz moreno com sotaque carioca, um rapaz branco usando "cavanhaque baixo" e outro usando "cabelo com corte militar". Eles teriam entre 20 e 25 anos, segundo o militar. O depoente conta ainda que os quatro se identificavam como "bola preta", "bola vermelha", "01" e "02". A fonte ouvida pela Globo disse ainda que seria capaz de reconhecê-los "em qualquer lugar do país ou do mundo".

A investigação criminal da morte de Celso Daniel está a cargo da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo. Mas Greenhalgh disse que procurou a PF para passar o e-mail porque a corporação possui uma estrutura nacional para investigar a suspeita, já que o relato teria sido flagrado na região Norte do país.




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