Economia Titulo Atraso já supera três meses
CEO da CVC admite não ter data para divulgar balanço a acionistas

Executivo diz, em reunião, que ainda existe ‘muita coisa’ a resolver

Evaldo Novelini
do Diário do Grande ABC
02/07/2020 | 00:20
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Divulgação


CEO da CVC, Leonel Dias de Andrade Neto admitiu que a companhia pode descumprir novamente o prazo de publicação do balanço de 2019, prevista para até o dia 31. Em reunião com franqueados, a cujo vídeo o Diário teve acesso, o executivo disse que não poderia confirmar a data porque ainda há “muita coisa” para resolver.

“Não posso afirmar uma data”, respondeu Andrade Neto ao ser questionado por um dos quase 700 franqueados que participaram de reunião virtual no fim da tarde de 25 de junho. “É porque tem muita coisa mesmo para esclarecer, para resolver, para conciliar.”

A CVC vem adiando, sistematicamente, a divulgação dos resultados desde 12 de março. Às vésperas da publicação, a operadora de viagens, companhia com sede em Santo André, anunciou ter constatado indícios de erros em seu balanço de 2019, com impacto potencial de R$ 250 milhões.

Diretor geral da CVC, também presente à reunião, Emerson Belan saiu em socorro do superior, dizendo que a empresa ainda trabalha com a possibilidade de cumprir o prazo. “Se Deus ajudar a todos nós, todo o nosso time trabalhando, acho que sai em julho”, afirmou, rindo, aparentemente de nervoso.

Por ter ações negociadas na bolsa, e ser regulada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a CVC é multada em R$ 1.000 por dia de atraso na apresentação do balancete.

Andrade Neto assumiu o comando em 1º de abril, exatamente na esteira da falha contábil, que derrubou Luiz Fernando Fogaça – no posto desde janeiro de 2019. Ele mal teve tempo de se ambientar, sendo atingido pela crise do novo coronavírus, que impactou severamente o mercado de turismo.

Internamente, o novo gestor passou a ser questionado pelos franqueados, que se sentiram abandonados pela companhia na pandemia. Fontes do mercado ouvidas pelo Diário estimam que 280 das 1.400 lojas físicas da marca sucumbirão por causa da crise.

A reunião a que o jornal teve acesso foi convocada para tentar apaziguar os ânimos. Além de falta de linhas de crédito para auxiliar a quitar dívidas que se acumulam, os lojistas reclamaram da preferência que Andrade Neto teria pela venda de pacotes por canais digitais, o que ampliaria os efeitos negativos da pandemia nos pontos físicos.

O CEO argumentou aos lojistas que manterá a estratégia. “Tem coisas que a gente não pode ajudar.” E disse que a digitalização é o futuro do mercado de turismo. “Estou há quase três meses administrando a empresa sem conhecer a minha mesa de trabalho.”

Questionada na noite de ontem sobre o assunto, via assessoria de imprensa, a CVC não se pronunciou. 




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