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Mais três alunos reclamam de faculdade que restringe trajes
Fabio Leite
Especial para o Diário
12/10/2005 | 07:18
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Mais três alunos da Faenac (Faculdade Editora Nacional), em São Caetano, reclamam das restrições quanto aos trajes liberados para circularem pela instituição. No último sábado, as professoras Denise Vieira Maia, 38 anos, e Maria Helena da Silva, 46, foram advertidas e encaminhadas à coordenação da faculdade por usarem saias consideradas ‘inadequadas’. As duas, que cursam pós-graduação na instituição particular de ensino, fizeram boletim de ocorrência no 1º DP da cidade. O caso parece não ter sido exceção e as restrições quanto à vestimenta têm revoltado os alunos.

Eles alegam que não podem vestir roupas mais confortáveis e em dias quentes os dois ventiladores que ficam em cada sala não amenizam o calor. “A gente não pensa em desfile de moda e, sim, em conforto. Em época de calor, os ventiladores não dão conta”, afirma a auxiliar-administrativa Lidiane Aldana, 22 anos, que cursa Administração e Marketing.

Outros 180 alunos, segundo a professora Denise, barrada na faculdade no sábado, fizeram um abaixo-assinado protestando contra as regras. Ela pretende ir mais longe e acionar a Delegacia de Ensino. Enquanto isso, as restrições vão ganhando mais inimigos dentro do campus.

“Quando faz muito calor a sala não tem condições de arejar e a gente não pode ir de bermuda e camiseta sem manga. A sala é muito pequena e não suporta a quantidade de gente”, diz o analista de sistemas Ricardo Santiago Bussi, 24 anos, que estuda Administração e Sistemas e conta que foi impedido de assistir aula porque vestia uma regata.

O mesmo aconteceu com a auxiliar-administrativa Nádila de Oliveira, 22 anos, que estuda Administração e Marketing. Segundo ela, os seguranças a barraram na portaria porque calçava uma sandália. “Eles disseram que era chinelo e não me deixaram entrar”, lembra. Nádila alega que as restrições são exageradas e que também pesam sobre o comportamento dos alunos. “A gente não pode nem transitar de mão dada com o namorado. Não pode dar um abraço que já pedem para separar porque é norma da faculdade. Isso causa constrangimento”, afirma.

De acordo com a auxiliar-administrativa, o termo de responsabilidade que os alunos assinam junto com o contrato da faculdade não especifica nenhum traje. “Eles não mencionam o tipo de roupa. Só falam que aquelas que são muito curtas e escandalosas seriam inadequadas dentro da faculdade”, diz. Ela diz que alunos vão procurar a coordenação da Faenac para reclamar, mas nunca são atendidos. A direção da Faenac não quis comentar as reclamações com a reportagem.

Não existe abuso nesse tipo de norma ou na assinatura de contrato que tem direitos e deveres das partes, de acordo com o Procon. Segundo o órgão de defesa do consumidor, as regras internas devem ser seguidas do mesmo jeito, mesmo que o aluno não assine o documento. O Procon indica que a pessoa que se sentir moralmente ofendida com essas normas, deve procurar o Poder Judiciário.

As questões morais dentro de campi de faculdades parecem estar em alta neste mês de outubro. Na semana passada, o namoro de duas estudantes da USP da zona Leste virou caso de polícia. Uma policial militar levou as duas para a delegacia de Ermelino Matarazzo. Os alunos da faculdade ficaram revoltados e prometem um protesto para o próximo dia 19, às 15h, no campus da universidade.




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