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Pizzas meio a meio custam 30% mais no Grande ABC
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
18/04/2010 | 07:44
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Tome cuidado na hora de escolher a pizza porque você pode estar comprando ‘gato por lebre'! A maioria das pizzarias da região cobra do cliente o valor mais alto para aqueles que optam por dois sabores no mesmo disco, a chamada meio a meio. Em alguns casos, a variação bate 30%.

O sindicato da categoria explica que não há qualquer norma que estabeleça o padrão da cobrança e que a prática de preços é feita conforme escolha de cada comerciante. "Temos apenas de observar as dificuldades no preparo para lançar o preço. Se você faz uma pizza de mussarela em três minutos, gastará cinco para fazer a meio a meio, e toda a demanda de tempo reflete no custo, assim como os ingredientes. Então, o valor tem de ser, pelo menos, um pouco maior. Mas aconselhamos que seja feita a média de preços na hora de cobrar consumidores", diz Wilson Bianchi, presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC).

Comerciantes que optaram pela decisão de cobrar valores mais altos pelo prato dizem que os custos dos ingredientes pesam na hora da venda. "Não posso colocar pizza meia mussarela e meia bacalhau ou meia camarão pelo mesmo preço. São produtos que custam mais, então, tenho de cobrar mais", diz Fernando Valeiro Blanco, dono da pizzaria Don Quixote, em São Bernardo.

A casa cobra, em todas as escolhas de pizza meio a meio, o valor da mais cara. O mesmo ocorre na Casaantiga em Santo André e na Serena, em Mauá. Questionados pelo Diário, os gerentes dos locais afirmam que é praxe da casa "tirar a média de preços antes de cobrar". Mas o pedido da pizza feito pelo telefone foi calculado pelo maior valor.

"Às vezes arredondamos para evitar problemas no troco", atenua a proprietária da Serena, Marica Fagherazzi Marinheiro, que atesta que a casa, que completa 30 anos de existência em 2010, sempre efetua a cobrança pelo custo médio dos pratos.

Elisa Yoko Sasaki, proprietária da Villa Romana, em São Bernardo, reconhece que em seu estabelecimento cobra pelo preço mais alto. "Havia muita confusão na hora de conta e estávamos tomando prejuízo", pontua. Para acabar com o problema, a comerciante agora oferece a opção de fazer a média para os clientes que pedem pizza em casa ou veem até o local para retirar o item. "Fica mais fácil porque são menos pizzas e o registro é feito todo de uma só vez", diz.

A consumidora Sueli Cássia de Oliveira afirma que a pizzaria que compra também foge do padrão de cobrança. "E o produto é bom. Foi indicação de outra amiga", afirma.

O diretor do Procon de São Caetano, Rudolfo de Souza Guirão, ressalta que a opção de cobrar mais nestas escolhas acontece porque consumidores não percebem a distorção nos preços. "Nunca tivemos qualquer reclamação sobre isso. Mas, é importante que o estabelecimento coloque no cardápio que cobra pelo maior valor nestes casos."


Meias porções também saem mais caras

Não é só na hora de pagar pela pizza meio a meio que o consumidor desembolsa mais dinheiro. Quem opta por comprar apenas meia porção de algum produto em baladas e barzinhos também paga, em média, valor referente a 60% do preço original do item.

"A articulação dos preços é livre. Não há nenhum tabulamento para seguir padrão de valor. Isso quem decide é o comerciante. Faz parte da formação do custo, não há impedimentos para prática", avisa o diretor do Procon de São Caetano, Alexandro de Souza Guirão.

Sem qualquer norma a ser seguida, o diretor avisa que estabelecimentos cobram pelos produtos o que acharem suficiente para garantir bons lucros. "Isso tem a ver com o custo do produto. Se ele precisa cobrar mais para ter margem de lucro, ele pode, mas tem de ter ética", diz.

Assim como no caso da pizza meio a meio, não há qualquer regulamentação entre comércios do quanto comprar, no entanto, a maioria das casas vende os produtos com preços mais altos.

O gerente do Bar Enio's de Santo André, Cleber Tavares Campos, diz que mesmo com os pratos custando em média 70% do preço total da porção, clientes ainda escolhem o item com menor quantidade e maior preço. "É prática da casa, fazemos isso há 20 anos, não sei dizer por que, mas vende muito bem. Tem a mesma saída da porção completa."

Segundo Guirão, o importante é que os comerciantes ofereçam no cardápio a diferença dos itens para que clientes possam calcular o melhor custo-benefício antes de escolher o produto. "Acaba sendo um pré-contrato. Viu no cardápio e escolheu, tem de pagar", alerta. PC

 
Paulistas consomem 1 mi de redondas por dia

As pequenas diferenças nos valores da pizza meio a meio não fazem os consumidores deixarem de comprar a redonda. São Paulo é o Estado que mais consome o produto no Brasil. Apenas na Capital, são 1 milhão de discos diários. O mercado paulista de pizzas movimenta cerca de R$ 5 bilhões anuais e estima crescer 10% neste ano.

Apesar de não possuir dados consolidados, a região do Grande ABC confirma que a procura pelo produto é alta e supera de longe outros tipos de comida na maioria dos estabelecimentos.

"Temos o dobro de pizzarias que existem na Itália, por exemplo. A pizza é um dos produtos mais consumidos pelo brasileiro", diz o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação da Grande ABC), Wilson Bianchi.

Nelson de Abreu Pinto, presidente da Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo), afirma que o produto aumentou as vendas e deve seguir em expansão.

"O setor está percebendo melhora. Temos crescido em São Paulo 10% de ano para ano. A expectativa é que essa expansão continue. São Paulo e Nova York são as cidades onde mais se vende pizza", atesta. A ideia é ultrapassar a cidade norte-americana em breve.

Segundo o presidente, a procura por maior comodidade e rapidez nas refeições também auxilia para que o segmento continue em elevação.

"O aumento nas vendas refere-se, principalmente, à comodidade e a rapidez da entrega da pizza em casa. As pizzarias delivery têm aumentado exponencialmente em São Paulo e em velocidade recorde", completa.




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