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Estado deve flexibilizar hoje quarentena no Grande ABC

Governador João Doria despista sobre assunto, mas a informação foi confirmada pelo Diário

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
27/05/2020 | 00:01
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Governo do Estafo de SP


O governo do Estado deve divulgar hoje, em coletiva marcada para o meio-dia, mudança no padrão da quarentena obrigatória imposta desde o dia 24 de março e prorrogada duas vezes, com vencimento domingo. O Diário apurou com fontes ligadas ao alto escalão do Palácio dos Bandeirantes que o Grande ABC pode ter tratamento diferenciado de outras regiões por ter situação mais favorável em relação à ocupação dos leitos hospitalares e iniciar a flexibilização das regras de isolamento físico já a partir da próxima semana.

Em entrevista exclusiva ao Diário ontem, o governador João Doria (PSDB) evitou comentar o assunto e disse que todos os detalhes da “quarentena inteligente” serão divulgados na entrevista de hoje. Segundo o tucano, o encontro com os jornalistas será maior do que os habituais por envolver informações importantes para os 645 municípios do Estado.

Uma das hipóteses é isolar o Grande ABC do restante da Região Metropolitana e permitir flexibilizações exclusivas para as sete cidades. Outra possibilidade é que Santo André, São Bernardo e São Caetano, que estão realizando ações de monitoramento de infectados e conseguem oferecer acomodações, inclusive de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), para munícipes, possam ter destino diferente de Diadema e Mauá, por exemplo, que têm sistema de saúde sobrecarregados.

Não será apenas o Grande ABC que deve ser contemplado com esta determinação de afrouxar a quarentena, como diversas cidades espalhadas pela Região Metropolitana, Litoral e Interior. “Os detalhes vamos divulgar amanhã (hoje). Vou pedir licença para não antecipar. Serão apresentadas detalhadamente. (Serão abordadas) Parte econômica, médica, municipalista, questão heterogênea regional. São muitas informações válidas a partir do dia 1º de junho”, afirmou ontem João Doria.

O plano que será apresentado pelo governador hoje trará etapas de reabertura gradual das atividades econômicas a partir de segunda-feira. Inclusive, ao que parece, ajudou na decisão pela flexibilização o comprometimento da população durante o feriado prolongado – pelo menos na Capital (leia mais na página 1) –, que valeu de quarta-feira da semana passada até segunda-feira. Segundo João Doria, foi ação com resultados “bem-sucedidos”.

“Aumentamos o percentual (de isolamento) tanto na Capital e Grande São Paulo quanto no Interior neste período, chegou a 57% na Capital, maior índice dos últimos dias. Ontem chegamos a 51%, índice melhor do que na segunda-feira da semana passada. Entendemos que o resultado foi muito bom. Feriado prolongado de quarta a segunda, o resultado foi bem-sucedido, funcionou bem”. Doria, no entanto, disse que não haverá novas antecipações de datas. “Além do que, esgotamos os feriados até a metade do ano. Tanto a prefeitura de São Paulo quanto o governo do Estado.”

Por outro lado, Doria declarou que hoje não tratará da reabertura das instituições de ensino. “Educação nós ainda não vamos tratar. As escolas ainda fechadas, funcionando virtualmente. Todo o ensino do Estado está funcionando virtualmente, toda a rede pública não parou e não vai parar. Não anunciaremos nada que envolva volta às aulas. Será mais para frente”, comentou.

O governador ainda fez questão de ressaltar que as indústrias, sobremaneira as montadoras, não receberam solicitação para fechamento durante este período de quarentena que o Estado decretou e podem manter as atividades, com os devidos cuidados. “Já não há restrição neste momento. Todas as fábricas podem trabalhar dentro do protocolo sanitário. Nenhuma foi orientada a fechar, nenhuma indústria de automóvel, tratores, bicicletas, caminhões ou ônibus foi fechada. Nenhuma. Nem em São Bernardo, São José dos Campos, Jacareí, nenhum lugar. Estão todas operando. Se fechou, foi porque quis, não teve orientação do governo para isso. Governo do Estado nunca determinou fechamento em São Paulo. Porque fábricas conseguem obedecer ao distanciamento social e às regras sanitárias. Então nunca fecharam”, explicou.

Tucano afirma que respeita o movimento de prefeitos

Conforme o Diário mostrou na edição de segunda-feira, a FNP (Frente Nacional de Prefeitos) pretende pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para dar autonomia aos municípios com relação às determinações do Estado em tempos de quarentena. No atual cenário, as administrações municipais estão impedidas de, por exemplo, abrandarem o isolamento físico.

E o governador paulista João Doria (PSDB) disse que respeita o movimento. “Valorizamos e respeitamos os prefeitos. Tanto que haverá (na coletiva de hoje, ao meio-dia) apresentação específica dedicada às prefeituras, além da Capital, aos demais 644 municípios. Há muito respeito e estará consignado”, afirmou.
ESPANTO

João Doria ainda comentou sobre a ação da Polícia Federal, que ontem fez busca na casa do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) – leia mais na página 4 de Política. “A situação do Rio de Janeiro já vinha sendo investigada pelo Ministério Público, tanto Federal quanto do Rio, como qualquer outra circunstância que pode merecer investigação. O que é preciso ter cuidado é com a instrumentalização da Polícia Federal. Chamou atenção o fato de a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ter acesso à informação um dia antes e declarar em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, que haveria ação da Polícia Federal contra governadores, até usou no plural, antecipando fatos do dia seguinte que 6h30 da manhã aconteceram no Rio. Instrumentalizar a Polícia Federal é, além de um erro, é um equívoco grave. A Polícia Federal tem de ter independência para sua atuação, suas averiguações, e deve seguir a orientação do Ministério Público. Não pode tomar iniciativa de apreender, prender ou investigar”, observou Doria.

Governador crê que presidente assine decreto de ‘plano federativo''

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem até hoje para sancionar o pacote de ajuda financeira para Estados e municípios (PLP – Projeto de Lei Complementar 39/2020), aprovado há 15 dias, mas que só pode ser liberado após ser sancionado pelo chefe da Nação. Em contrapartida à assinatura, a exigência do ministro da Economia, Paulo Guedes, é que as partes beneficiadas congelem os salários do funcionalismo até 2021.

Ontem, em entrevista ao Diário, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se mostrou otimista. “Há expectativa de que o presidente sancione o projeto do plano federativo amanhã (hoje), que é a última data para que possa fazer isso em nome do Executivo”, declarou o governante paulista, que explicou os riscos que o projeto corre. “Ele (Bolsonaro) tem que assinar o decreto, senão caduca, até amanhã (hoje). Se caducar volta para o Congresso e o próprio Congresso pode homologar.”

Ontem, em coletiva em frente ao Palácio da Alvorada (sua residência oficial), o presidente da República afirmou que assinará o auxílio de R$ 60 bilhões para os cofres estaduais e municipais. Entretanto, deu um ultimato e manteve o discurso favorável ao retorno das atividades econômicas. “Nós não podemos continuar socorrendo Estados e municípios que devem, no meu modo de ver, começar a abrir o mercado”, declarou Jair Bolsonaro (leia mais na página 6 de Economia).
A PLP, de autoria do senador Antonio Anastasia (PSD/MG), foi aprovada no Congresso há 20 dias e já poderia ter sido assinada, mas o presidente segurou a sanção.




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