Economia Titulo Despencou
Vendas nas lojas de rua do Grande ABC caem quase a zero
Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
21/03/2020 | 00:01
Compartilhar notícia


 Mesmo com a orientação dos órgãos de saúde de que as pessoas fiquem em casa para evitar a propagação do novo coronavírus, parte da população se arrisca e segue circulando por vias comerciais da região. Contudo, nas lojas das ruas Coronel Oliveira Lima, em Santo André, Marechal Deodoro, em São Bernardo, e Visconde de Inhaúma, em São Caetano, as vendas caíram quase a zero nesta semana, segundo lojistas e funcionários.

Na Modamare, na Oliveira Lima, o movimento nesta semana não chega a 10% do que era. “Estamos esperando uma atitude da Prefeitura para fechar, mas enquanto isso estamos trabalhando na medida do possível”, afirmou Selma Alves de Sousa, 56 anos, gerente. “O custo para manter aberto é maior do que fechar.”

“Desde segunda-feira, o movimento caiu 90%, estamos aguardando uma medida”, relatou a vendedora da Nova Loja Modas Patrícia Moreira, 31. “Estamos correndo risco aqui, na condução, e chegamos em casa e nossos filhos estão em casa, nós podemos contaminá-los.” No estabelecimento, a jornada foi reduzida em uma hora e 45 minutos.

“Caiu quase 100% (a venda), as pessoas não estão saindo de casa para comprar”, observou a gerente de uma loja de artigos infantis na Marechal, que não quis ser identificada. “Seria bom decretar o fechamento porque as pessoas não estão levando (a gravidade da Covid-19) a sério.”

Na mesma rua, na Princesa Bijoux, a gerente Tânia Pereira da Silva Antero Martinez, 59, disse que o cenário é o mesmo. “Todo mundo está com medo e não está comprando”, opinou. “Mandar fechar o comércio seria uma boa medida, desde que tivéssemos a garantia de resolver questões como salários, aluguel e outras contas”, assinalou. Na loja, são 12 funcionários.

Supervisora geral da Entre Linhas Moda Feminina, Bruna Teles Azevedo, 29, apontou que as vendas caíram 80% desde segunda-feira. “Creio que vamos fechar porque ontem (quinta-feira) praticamente nem vendeu, já estamos no prejuízo, mas ficamos divididos entre fechar por questões de saúde e pagar as contas.”

Vendedora de uma loja de sapatos na Marechal, que falou sob anonimato, afirmou que as pessoas estão apenas “batendo perna”. “Elas não deviam estar saindo, dizem que estão aqui para comprar coisas necessárias, mas não é verdade”, disse. Segundo ela, há chance que o comércio seja fechado antes mesmo de decreto oficial, já que não está vendendo. “Estamos apenas aguardando ordem da rede responsável.”

Já na loja de artigos eletrônicos Emix, na Visconde de Inhaúma, o movimento caiu 70%. “Não foi total porque, com o fechamento dos shoppings, o pessoal vem comprar aqui, mas diminuiu a circulação de pessoas que saíam da escola e passavam para levar um fone de ouvido, por exemplo”, citou o vendedor Thiago Eudes, 22.

Para Lucas Gallego, 22, vendedor no mesmo estabelecimento, fechar os comércios é importante do ponto de vista sanitário. “Mas o bolso grita e as contas não param de chegar.”

Na via, a loja de roupas infantis Pituxinha teve redução de 95% nas vendas. “Por volta deste horário (12h30), era para estar atendendo duas, três pessoas ao mesmo tempo, mas já são quase 13h e não vendi nada. Deveriam decretar o fechamento. No prejuízo já estamos mesmo”, relatou a vendedora Gorete Abrantes, 39.

A moradora de São Caetano Maria Helena Torres, 58, aposentada, aproveitava o dia para ir à manicure e comprar roupas de que precisa. “É bom evitar sair de casa, mas ficar lá 24 horas é duro, e quem tem depressão, que é o meu caso, não é saudável.”

Moradora de São Bernardo, a farmacêutica Helen Aomirale, 25, contou que estava comprando itens para evitar sair nos demais dias da semana. “Sou a favor de fechar os comércios porque as pessoas não têm a consciência de manter a distância, principalmente na fila.”

REDES DE VAREJO
A Renner anunciou que todas as lojas da rede estarão fechadas a partir de hoje. Mesma postura foi adotara pela Besni, que encerrou temporariamente as atividades em todas as suas lojas desde ontem.

Mercados adotam medidas para evitar proliferação do novo coronavírus

As redes supermercadistas presentes na região estão adotando medidas de prevenção ao novo coronavírus. Conforme publicado pelo Diário, ontem, o medo em relação à Covid-19 gerou corrida aos mercados, chegando a deixar prateleiras vazias.

Na Coop, as lojas estão operando com alongamento do horário de fechamento. Os portões dos estacionamentos passam a ser fechados 45 minutos mais tarde. “Em relação aos idosos, recomendamos que eles procurem ir às lojas na primeira hora de abertura e apenas se não tiverem outra opção. Esta ação dilui o fluxo de pessoas e reduz as aglomerações”, explicou Marcio Valle, presidente executivo.

O Nagumo está funcionando no horário normal, porém, entre 7h e 8h o atendimento é preferencial aos idosos, principal grupo de risco da doença. Mesma medida foi adotada pelo Joanin, que é dedicado a este público das 7h30 às 8h30.

O Pão de Açúcar e o Extra, ambos do GPA (Grupo Pão de Açúcar), realizam ação para estimular o consumo consciente, incentivando que cada cliente adquira somente o necessário e evite estoque desnecessário. Na rede Pão de Açúcar, o atendimento é preferencial aos idosos das 6h às 7h.

O Carrefour publicou em suas redes sociais que as lojas estão operando em horário normal. A rede destacou que a higienização das instalações foi intensificada e recomenda que os clientes mantenham, no mínimo, um metro de distância entre eles, além de cobrir a boca ao tossir e espirrar.

Segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados), a venda no segmento aumentou 48,5% na quinta-feira, em comparação com o dia 20 de fevereiro. A entidade garante que o abastecimento está normal, apenas com falta de produtos pontuais.

Fila se forma por álcool a preço de custo
No início da tarde de ontem, fila no Depósito Benine, localizado na divisa entre Santo André e São Caetano há 18 anos, chamou atenção de quem passava. Isso porque o estabelecimento estava vendendo álcool 70% a preço de custo – o litro, que custava R$ 14, passou a R$ 10.

“Consegui negociar com o fornecedor e, a princípio, fiz um caixa para pagar as contas e os funcionários, que são parte essencial do negócio, por dois meses e, agora, estou agindo como humano”, afirmou o proprietário Rodrigo Benine.

Os colaboradores organizaram a fila de clientes, que podiam levar apenas uma unidade cada. Antes de entrar, as pessoas recebiam álcool gel para higienizar as mãos e o atendimento era limitado a três compradores por vez, visando evitar a contaminação. “Também higienizamos a loja com cloro a cada meia hora”, disse.

Além disso, cada viatura da PM (Polícia Militar) ou GCM (Guarda Civil Municipal) que passava pelo local recebia um kit com um litro de álcool, um borrifador e um detergente. “Se eles forem infectados, quem irá garantir a segurança?”, questionou Benine.

Como está próximo à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), ele manteve três caixas do produto reservadas para atender quem frequenta ou, até mesmo, caso a própria instituição precise




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;