Economia Titulo Retomada
Emprego com carteira assinada volta a crescer na região após cinco anos

Rais mostra que Grande ABC ganhou 10 mil trabalhadores em 2018

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
18/10/2019 | 07:07
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil


O número de trabalhadores em atividade com carteira assinada voltou a crescer no Grande ABC após cinco anos seguidos de queda. Em dezembro de 2018, esse efetivo contabilizou 738.392 pessoas, praticamente 10 mil a mais do que em 2017. Em termos percentuais, o crescimento foi de 1,29%, ainda considerado tímido para recuperar os índices pré-crise econômica, quando a região mantinha 818,8 mil empregados.

Os dados são da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), divulgados ontem pelo Ministério da Economia e tabulados pelo Diário. Entre os fatores que também podem ter interferido nos dados, os especialistas citam a reforma trabalhista do ano passado, que, entre demais mudanças, instituiu o trabalho intermitente.

“A retomada está acontecendo lentamente e a reforma trabalhista tem o seu valor, mas ainda é cedo para falar que é suficiente. Só vamos sentir os maiores efeitos quando a economia voltar a crescer e tivermos um mercado de trabalho mais dinâmico. Ela (reforma) tem ajudado principalmente no trabalho intermitente, mas não dá para creditar (a alta) somente a ela. É fruto de crescimento ainda baixo de 2018 e muito longe de patamares anteriores à crise. Mas não dá para desconsiderar”, analisou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

Para o economista e professor coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição , os números também indicam que a economia ainda não decolou. “No caso específico do Grande ABC, a questão da indústria ainda gera preocupação. Ela vem apresentando uma fragilidade e uma fraqueza muito grande de desempenho e isso tem gerado impacto muito forte na região em 2018 e continua em 2019”, disse.

Segundo Jefferson, a reforma pode ter impactado na quantidade de empregos, porém, como consequência, traz “baixo volume de massa salarial gerado por essas vagas”. Segundo a Rais, a média salarial de trabalhadores com carteira assinada é de R$ 3.035,63.

SALDO
Os números da região foram puxados por Santo André, responsável pela criação de 7.156 empregos no período, com o total de 205.454 trabalhadores. Na cidade, a geração de emprego ficou praticamente concentrada no setor de serviços, que contabilizou 7.578 vagas geradas no ano. Em seguida, aparecem São Caetano, com a criação de 2.082 postos de trabalho (738.392 trabalhadores) e Mauá, que gerou 380 vagas (64.348 colaboradores no total).

Os demais municípios fecharam o ano passado com saldo negativo – quando há mais demissões do que admissões –, sendo a maior queda em São Bernardo, que perdeu 1.408 vagas de trabalho. Apesar disso, a cidade ainda tem o maior número de trabalhadores na região: 247.734.

Diadema perdeu 491 postos (total de 88.341), Rio Grande da Serra 164 (total de 3.418 trabalhadores) e Ribeirão Pires 138 (21.337 pessoas).

Em setembro, comércio e serviços impulsionam criação de vagas

Em setembro, graças à movimentação dos setores de comércio e serviços, a região apresentou saldo positivo, com a criação de 1.460 postos de trabalho. Foi o terceiro mês consecutivo que o emprego formal cresceu na região.

Conforme as informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a região já contabiliza a criação de 8.555 vagas no ano e 6.065 em 12 meses. Apesar de positivo, o número de setembro ainda é menor do que no mesmo mês de 2018, quando a geração de postos de trabalho totalizou 2.024.

Os setores que mais registraram contratações foram serviços, com 849 vagas, e comércio, com 585. A indústria contratou 129 pessoas e a construção civil, apenas seis trabalhadores.

De acordo com o economista e professor coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, o aumento tem relação com a proximidade do fim de ano e a chegada do Natal. “Neste período há necessidade de produção para abastecer o mercado e as lojas também iniciam contratações. É evidente que isso também é fruto de uma atividade econômica morna, mas não fria, e isso gera um volume de vagas, que ainda estão muito aquém do necessário”, destacou.

Em setembro, São Bernardo apareceu na liderança na criação de vagas com 667, seguida de Santo André com 298, São Caetano com 250, Diadema com 219 e Ribeirão Pires com 84. Mauá fechou o mês com saldo negativo em 53 demissões e Rio Grande da Serra com cinco.
 




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